No setor da água, o consumo de energia nas instalações de tratamento corresponde, por norma, a cerca de 60% do total de custos operacionais, excluindo os custos associados aos recursos humanos. Esta realidade não é exceção na Águas do Tejo Atlântico que tem vindo a reforçar cada vez mais o investimento na “otimização” e na “eficiência do consumo” nas Fábricas de Águas e Estações Elevatórias.
À Ambiente Magazine, Rita Lourinho Alves, coordenadora do departamento de Investigação, Desenvolvimento e Inovação da empresa, refere que o projeto InteGrid é a mais recente inovação a que a Águas do Tejo Atlântico se associou. O projeto, que terminou no passado mês de outubro, tem como objetivos principais, segundo a responsável, “testar no terreno soluções inovadoras de redes elétricas inteligentes”, tendo em conta a “flexibilidade do consumo de energia elétrica para consumidores domésticos e industriais, sistemas de armazenamento de energia e previsões de produção de energias renováveis e consumo”. Por forma a cumprir o seu objetivo, o projeto InteGrid teve vários demonstradores em diversos países na Europa. No caso da Águas do Tejo Atlântico, enquanto “consumidor de energia industrial”, para além do foco em “reduzir o consumo de energia”, a empresa pretende também “encontrar soluções alternativas mais verdes” e “testar soluções inovadoras”, com vista ao “potencial acesso a futuros mercados de energia”, refere a responsável.
“As soluções desenvolvidas no projeto vão ao encontro dos objetivos” da Tejo Atlântico
Por seu turno, Nuno Pimentel, técnico superior do departamento de Investigação, Desenvolvimento e Inovação, evidencia a importância da empresa estar associada a este tipo de projetos, não só pelo facto da “eficiência e otimização do consumo de energia” mas também pelos “objetivos propostos”. Por outro lado, a utilização das soluções desenvolvidas no projeto, segundo o responsável, “não só permitem uma melhor eficiência do consumo de energia” como também “existe um potencial de aplicabilidade destas soluções a outras infraestruturas da Tejo Atlântico”, indo, assim, ao “encontro dos objetivos de redução do consumo de energia”, a “buscas de fontes de energia verde” e de “soluções inovadoras que se enquadram na economia circular”.
Relativamente aos resultados do projeto, Nuno Pimentel refere que, no caso da Águas do Tejo Atlântico, o InteGrid tinha em desenvolvimento um “sistema de otimização de estações elevatórias”, uma “solução para fornecer flexibilidade de energia através da agilidade dos processos de tratamento” e, ainda, o“desenvolvimento de medidores de energia de comunicações IoT e de baixo custo”. No que à flexibilidade de energia diz respeito, o responsável afirma que já foi testada nas Fábricas de Água de Mafra, Alcântara e Chelas, onde foi possível “demonstrar, em ambiente controlado”, que é possível “fornecer agilidade de energia através da flexibilidade dos processos de tratamento sem colocar em causa a qualidade do processo”. Já a solução de otimização de estações elevatórias, encontra-se implementada na Estação Elevatória Intermédia da Fábrica de Água de Alcântara, com “reduções no consumo de energia bastante significativas” durante a demonstração do projeto, refere. Por fim, acrescenta Nuno Pimentel, os medidores de energia estão instalados nas Fábricas de Água de Beirolas e Chelas, estando a “comunicar a medição de energia com alta fiabilidade”.
Questionado se os resultados agora demonstrados vão ao encontro dos objetivos da empresa no rumo à economia circular, Nuno Pimentel é claro: “As soluções desenvolvidas no projeto obtiveram resultados bastante satisfatórios e o potencial de replicação destas soluções nas restantes infraestruturas de tratamento, vai ao encontro da estratégia de futuro da Tejo Atlântico que está comprometida com a economia circular, a redução, recuperação ou reutilização”. E isto não se aplica apenas à energia: “A reutilização da água (água+), das lamas para agricultura, passando pela “produção da energia verde através do biogás e fotovoltaicas” são também objetivos presentes na estratégia de economia circular da Tejo Atlântico, refere.
Outros projetos
Já sobre outros projetos que a Águas do Tejo Atlântico está envolvida, Rita Lourinho Alves refere que, ao nível do grupo Águas de Portugal (AdP), destaca-se o “programa de Neutralidade Energética ZERO”, através do qual as empresas se propõem “atingir a neutralidade energética no prazo de 10 anos”, assente numa “estratégia continuada de redução de consumos” e de “aumento da produção própria de energia verde”. Já em matérias de Investigação & Desenvolvimento, a empresa, está a desenvolver “controladores associados ao tratamento biológico” que permitam “otimizar o consumo de energia, mantendo o nível de eficiência do tratamento da água residual”, como é o caso do “CircRural4.0 – conceção circular e inteligente de gestão de águas residuais em áreas rurais. Por outro lado, Rita Lourinho destaca o projeto Clear Returns que pretende “otimizar o doseamento de floculante na desidratação mecânica”, através da “aplicação de sensores óticos avançados”.