O Departamento de Ciências da Vida da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) apresenta esta quinta-feira, 1 de fevereiro, um projeto europeu que aposta na monitorização do Borrelho-de-coleira-interrompida para conservação de habitats e outras espécies salvagens que dependem das praias e zonas húmidas. A apresentação terá lugar no auditório do DCV, no Colégio de S. Bento, entre as 9h30 e as 12h45.
“Este projeto pretende utilizar o Borrelho-de-coleira-interrompida como uma espécie guarda-chuva, e propõe um conjunto ações que servirão para melhorar o seu estado de conservação no espaço transfronteiriço Espanha-Portugal. Pretende ainda compatibilizar ações de conservação com atividades recreativas e extrativas humanas num cenário de alterações climáticas, evidenciado pelo aumento contínuo do nível do mar e pela erosão costeira”, revela Jaime Ramos, professor e investigador no DCV.
Um espécie guarda-chuva é uma espécie cuja conservação implica necessariamente a conservação de outras espécies. “Geralmente, são espécies como predadores de topo que necessitam de grandes áreas de habitat ou de condições ecológicas particulares, pelo que a sua conservação implica que essas condições sejam salvaguardadas”, explica o coordenador do projeto na FCTUC.
Segundo o investigador, esta ave necessita de praias arenosas e de zonas húmidas em boas condições ecológicas para se reproduzir, dado ser muito sensível a perturbação humana e a predadores. Portanto, a perturbação humana excessiva nas praias, por exemplo na época balnear, implica que esta espécie deixe de se reproduzir em tais áreas. Também as mudanças de habitat, devido às alterações climáticas, implicam que a mesma fique com menos área disponível de praia para nidificar.
“A conservação desta espécie implica que outras espécies no mesmo habitat tenham também condições adequadas para a sua sobrevivência. De igual forma, o aumento da predação muitas vezes está associado a atividades antropogénicas que provocaram alteração dos habitats e que devem ser controladas”, conclui.
O Iberalex é um projeto financiado pelo Programa Interreg V Espanha-Portugal (POCTEP) 2023-2027 e inclui como participantes além da Universidade de Coimbra, a Direção Geral do Património Natural (Xunta de Galicia), as Universidades de Santiago de Compostela, Extremadura, Cádiz, Aveiro e a Associação para a conservação da natureza portuguesa, Vita Nativa.