O projeto “Gado Sapador”, da Agência de Desenvolvimento Gardunha 21, do Fundão, foi o vencedor da quinta edição do Prémio AGIR da REN, este ano dedicado ao tema da preservação do património natural. Defender e fomentar a vigilância da floresta contra incêndios, recorrendo a rebanhos de ovelhas e cabras geridos por pastores é o mote de um projeto autossustentável, que vai permitir gerar verbas próprias com a comercialização de leite, queijo e carne, provenientes dos rebanhos.
A Serra da Gardunha é caracterizada por uma extensa área de baldios em risco de abandono, potenciando o perigo de fogos. É aqui que se desenvolve a iniciativa ‘Gado Sapador’, que tem como objetivo a prevenção de incêndios, recorrendo à prática do pastoreio. Assim, a limpeza de mato da floresta é feita por rebanhos de duas espécies nativas da região – a Cabra Charnequeira Beiroa e a Ovelha Churra do Campo – que ao comerem e pisarem o pasto permitem controlar os fatores de combustão e criam condições para a reprodução natural de duas espécies autóctones (castanheiro e carvalho), que funcionam como barreiras físicas à progressão dos incêndios. Por outro lado, a presença de pastores que gerem os rebanhos favorece a vigilância e uma mais rápida deteção em caso de incêndio.
O projeto “Gado Sapador” vai permitir ainda gerar emprego, através, por exemplo da contratação de pastores e é um fator de desenvolvimento social e económico, uma vez que envolve várias instituições regionais parceiras do projeto, nomeadamente a Câmara Municipal do Fundão; a Junta de Freguesia do Souto da Casa; o Clube de Produtores do Fundão; a Associação de Caça e Pesca do Souto da Casa; a Associação de Queijeiros da Soalheira e a Associação de Defesa Sanitária da Cova da Beira.
Ana Cunha, do Conselho Diretivo da Agência de Desenvolvimento Gardunha 21, salienta que a atribuição do Prémio AGIR “premeia o mérito do projeto «Gado Sapador» e é o reconhecimento nacional do relançamento de uma prática ancestral – a pastorícia -, como uma das soluções para a preservação da floresta e a prevenção de incêndios. Por isso, este é um projeto que tem todas as capacidades de ser alargado ao resto do país”.
Segundo prémio para iniciativa de promoção ambiental em Braga
O projeto “Encosta do Sol”, desenvolvido pela Bonus Itineris – Cooperativa de Qualificação Turística e Ambiental, do concelho de Braga, foi distinguido com o segundo lugar nesta quinta edição do Prémio AGIR da REN. A Bonus Itineris pretende com este projeto estabelecer uma ligação ecológica, em contexto natural, entre a cidade de Braga e a Serra do Carvalho, através de uma cintura verde, entre a cidade e os montes – Monte de Vasconcelos e Monte Pedroso – valorizando os seus contributos em termos ambientais, patrimoniais e paisagístico. A iniciativa tem como objetivo melhorar a acessibilidade entre o meio urbano e o meio natural, a pé ou de bicicleta.
Terceiro lugar para projeto de mulheres que defendem o Estuário do Sado
O terceiro lugar na quinta edição do Prémio AGIR foi para o projeto “Guardiãs do Mar”, desenvolvido pela Ocean Alive – Cooperativa para a educação criativa marinha, em Tróia, Setúbal. Através do envolvimento das mulheres da comunidade piscatória, denominadas “Guardiãs do Mar”, o projeto tem como objetivo proteger as Pradarias Marinhas no estuário do Sado, que têm sido alvo de destruição nos últimos 20 anos e são um dos principais berçários da biodiversidade do país.
No próximo ano, a REN promove a sexta edição do Prémio AGIR que terá como tema o “Combate ao abandono escolar e promoção do sucesso escolar”.