Projeto “Cavalos-Marinhos Desconhecidos” quer mobilizar cidadãos para a preservação das espécies
O projeto de ciência cidadã “Cavalos-Marinhos Desconhecidos” arrancou em Sesimbra, numa ação que pretende sensibilizar a população para a necessidade de preservação das espécies, anunciou a Associação Natureza Portugal (ANP-WWF).
A Associação Natureza Portugal, associada da organização internacional Fundo Mundial para a Natureza (WWF), apresenta “Cavalos-Marinhos Desconhecidos” como um projeto pioneiro a nível nacional, que pretende capacitar escolas de mergulho nacionais para a realização de censos visuais das duas espécies de cavalos-marinhos (‘Hippocampus guttulatus’ e ‘Hippocampus hippocampus’) existentes no país.
O projeto baseia-se em saídas de mergulho, precedidas de sessões de formação sobre as espécies, para recolha de informação que será depois partilhada na plataforma iSeahorse (Saving Seahorses Together).
Na ação deste fim-de-semana em Sesimbra, para além dos participantes inscritos foi utilizado um submersível controlado remotamente disponibilizado pela National Geographic Society.
Os censos visuais do projeto “Cavalos-Marinhos Desconhecidos” pretendem contribuir para a definição do estatuto de conservação dos cavalos marinhos portugueses na base de dados da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês). Atualmente as duas espécies de cavalos-marinhos em Portugal estão classificadas como ‘Data Deficient’ (com insuficiência de dados).
O “Cavalos-Marinhos Desconhecidos”, financiado pelo Oceanário de Lisboa e pelo Species Conservation Fund, fruto da parceria entre a ANP-WWF e o Centro de Ciências do Mar da Universidade do Algarve (CCMAR-UALG), surgiu como resposta ao progressivo decréscimo da população de cavalos-marinhos da Ria Formosa, no Algarve, que chegou a ser uma das maiores do mundo, e à falta de informação sobre as flutuações e distribuição das populações.
A diretora executiva da ANP-WWF, Ângela Morgado, disse, citada num comunicado da associação, que “dada a falta de dados, é imperativo desenvolver metodologias alternativas às puramente científicas de forma a alargar o leque de possibilidade no que toca à recolha de informação”.
O projeto, dirigido à população de cavalos marinhos das zonas de pradaria marinha da Arrábida, quer sensibilizar e envolver os cidadãos na recolha de dados para utilização científica.
“A sensibilização e o envolvimento do cidadão comum e de entidades que interagem diretamente com a natureza é fundamental, pois quanto mais pessoas estiverem envolvidas e puderem contribuir ativamente na monitorização e na partilha de informação, mais facilmente o grande objetivo do projeto será alcançado”, acrescentou Ângela Morgado.
Durante os próximos meses, praticantes de snorkelling e de mergulho com escafandro autónomo irão participar em ‘workshops’ dinamizados pela ANP|WWF e o CCMAR-UALG para que possam tornar-se “cidadãos-cientistas” envolvidos na preservação dos cavalos-marinhos.