No dia 19 de março, o Município de Loulé, em parceria com o CEiiA, promoveu uma iniciativa que aliou tecnologia e sustentabilidade para assinalar o Dia Mundial das Florestas – celebrado anualmente no dia de hoje, 21 de março.
Perante uma plateia atenta de alunos do curso científico-tecnológico da Escola Secundária de Loulé, bem como professores, entidades da área e técnicos municipais, foi apresentado o projeto “Árvores na Nossa Cidade” – iniciativa para envolver a comunidade na importância do sequestro de carbono que se está a desenvolver no centro urbano de Loulé.
Esta é uma ação conjunta do Município de Loulé e do CEiiA – Centro de Engenharia e Desenvolvimento, no âmbito do Digital Innovation Hub 4 Climate Neutrality – projeto com o objetivo de apoiar as políticas locais e de acelerar a neutralidade carbónica. A sua implementação passou pelo desenvolvimento de uma ferramenta digital inovadora que permitirá aos cidadãos compreender melhor a importância das árvores para a sua qualidade de vida e resiliência climática.
Assim, são sensorizadas e monitorizadas em tempo real 15 árvores de 8 espécies diferentes (mélias, jacarandás, tílias, plátanos, ciprestes, pinheiros mansos, alfarrobeiras e oliveiras), localizadas no centro nevrálgico de Loulé (Praça da República, Av. José da Costa Mealha, Av. 25 de Abril e Parque Municipal de Loulé). Estas 15 árvores comunicantes foram selecionadas a partir de uma plataforma municipal que inclui 63 árvores georreferenciadas. O projeto envolveu a sua medição e caracterização, incluindo a sua altura total, dimensão e estado da copa, perímetro do tronco à altura do peito, exposição solar, entre outros. A análise de serviços ecossistémicos foi possível através do software i-Tree v6, que quantificou sequestro de carbono, produção de oxigénio e remoção de poluentes.
Ao passar por cada árvore comunicante, podemos saber o que ela está a fazer na nossa cidade, através da leitura do seu QRCode – que nos mostra, por exemplo, o oxigénio que produz, o carbono que sequestra e armazena, os poluentes atmosféricos que remove, a água que interceta em momentos de precipitação e o efeito da sua sombra na temperatura ambiente.
Estes são dados relevantes em termos de neutralidade carbónica, resiliência climática e qualidade do ar, e contribuirão para incrementar a literacia climática, de forma a que os cidadãos possam conhecer melhor o contributo das árvores para o bem-estar das pessoas nas cidades e especificamente em Loulé.
O projeto trabalha três dimensões da sustentabilidade: a ambiental, através da importância das árvores para o clima e qualidade de vida; a social, através do envolvimento da comunidade (das empresas, setor público, escolas e do cidadão no seu relacionamento com as árvores); e a económica, através da análise e desenvolvimento de modelos de valorização do CO2 sequestrado pelas árvores, e como pode ser transacionado.
Como foi referido por Gualter Crisóstomo, do CEiiA, esta iniciativa “impacta e acelera a implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”, numa altura em que estamos a 5 anos de completar este ciclo da Agenda 2030 das Nações Unidas. De acordo com este responsável, “o projeto é um excelente exemplo que acelera a transição das cidades e territórios para espaços urbanos inteligentes, resilientes e neutros em carbono, por meio do uso de tecnologias digitais, para melhorar a sustentabilidade e a qualidade de vida dos cidadãos.”
Incêndios incontroláveis, cheias destrutivas, secas severas são “problemas limite que mexem com a vida de todos nós” e para os quais o presidente da Câmara Municipal de Loulé, Vítor Aleixo, acredita ser imperativo encontrar soluções que passam, por exemplo, por pequenos projetos como este. “Os problemas são globais, mas as respostas locais são, por vezes, as mais fáceis de implementar. Esta é uma medida muito interessante, é neste casamento entre política ambiental, a inteligência e a tecnologia que poderemos encontrar mais rapidamente as soluções”, relevou Vítor Aleixo.
Esta é sobretudo uma ação dirigida às novas gerações e, nessa medida, Manuela Moreira da Silva, investigadora do CEiiA e docente da UALG – CIMA-ARNET, explicou que a proximidade de algumas árvores comunicantes à Escola Secundária de Loulé permitirá mais facilmente que “os jovens sejam agentes ativos e co-designers deste projeto”.