Projeto algarvio quer aproximar realidade académica do quotidiano das comunidades
Consciencializar os estudantes para os problemas da desertificação no Interior é um dos objetivos do projeto “Comunidades Sustentáveis” – Projeto Turístico aplicado às Aldeias do Barrocal Algarvio, desenvolvido pelo Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes – ISMAT do Algarve.
Em declarações à Ambiente Magazine, Rui Mendonça-Pedro, professor auxiliar no ISMAT, explica que esta segunda edição do projeto tem como desígnios a elaboração de trabalhos/projetos de desenvolvimento turístico relevantes e o estabelecimento sinergias entre os vários domínios do saber e ensino, a sociedade, o setor económico e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 2030 (ODS): “Trata-se de um projeto que integra as instituições de ensino superior, escolas de formação profissional, comunidades, o stakeholders das regiões visadas e as respetivas autarquias”.
O projeto desenvolve-se durante o 2º semestre – março a junho – e compreende dois momentos distintos: “a apresentação das freguesias visadas e respetivo lançamento dos desafios e a feira/exposição dos projetos desenvolvidos pelos discentes durante o semestre”. O primeiro momento, de acordo com o docente, compreende a “apresentação das Freguesias e lançamento dos desafios pelos Presidentes das Juntas de Freguesia com baixa densidade populacional com base na variação do CENSUS 2011 versus 2021”, como é o caso da Freguesia de Alferce, Cachopo, Budens e Mexilhoeira Grande. O culminar do projeto alcança-se com a “exposição/feira dos projetos”, realizada no ISMAT Campus, com a presença de todos os discentes, professores, autarcas, stakeholders e convidados, destaca.
Entre os vários objetivos do projeto, Rui Mendonça destaca a operacionalização e desenvolvimento de pensamento crítico e aplicação soluções estratégicas para a concretização do ODS 8, 11 e 12: “O ODS 8 – Promover o crescimento económico inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo e trabalho digno para todos; o ODS 11 – Tornar as comunidades inclusivas, seguras, resilientes e sustentáveis e o ODS 12 – Garantir padrões de consumo e de produção sustentáveis”. A elaboração de projetos de desenvolvimento turístico relevantes interligando as comunidades locais, a economia, o ambiente e a sustentabilidade em todas as suas dimensões, é outro dos objetivos, bem como o estabelecimento de sinergias entre os vários domínios do saber. A isto soma-se ainda o foco na “promoção e atratividade da I&D em contexto aplicado como fator de desenvolvimento económico, social, cultural e ambiental”, ou seja, “transferir e operacionalizar o conhecimento e a inovação da academia para o terreno”, precisa.
As apresentações dos projetos irão decorrer no ISMAT Campus no próximo dia 15 de junho de 2023
Na primeira edição do projeto “Comunidades Sustentáveis” a exposição/feira contou com mostra de 34 trabalhos. De acordo com o docente, os trabalhos diferenciaram-se pela “criatividade dos alunos e pela capacidade de olharem o mesmo desafio com diferentes perspetivas”, resultando em diversas propostas: “A licenciatura em Gestão com a identificação das potencialidades territoriais de determinadas freguesias, licenciatura em Ciências do Desporto com uma proposta de desenvolvimento de atividades desportivas para população sénior, licenciatura em Gestão do Turismo com propostas de idealização de projetos turísticos (e.g., um Centro de AstroTurismo, um ApiResort – tema central apicultura e o desenvolvimento de visitas virtuais para fomentar a atratividade das regiões), a licenciatura e mestrado em Psicologia com projetos na promoção da sustentabilidade positiva nas comunidades com base na revitalização e ensino às gerações mais jovens de práticas e saberes tradicionais, o mestrado integrado em Arquitetura com metodologias de análise das comunidades e da licenciatura e mestrado em Design com a idealização de projetos de design food, formas potenciar a perceção sensorial das regiões”. Por outro lado, de cunho, provavelmente, mais prático, as Escolas de Turismo de Portugal “exibiram recriações gastronómicas com base na utilização de produtos endógenos, reinvenção de práticas e costumes tradicionais e a inovações na forma de descobrir e interagir com os destinos – através da leitura e diferentes conexões com a natureza/envolvimento”, destaca.
“… todos temos o direito a viver … onde nos sentimos felizes
Neste momento, a segunda edição do projeto encontra-se na fase de idealização das propostas para apresentar aos stakeholders das regiões visadas e as respetivas autarquias. As apresentações das Freguesias/comunidades ocorreu no passado dia 15 de março de 2023 e as apresentações dos projetos irão decorrer no ISMAT Campus no próximo dia 15 de junho de 2023. A exposição dos projetos será apresentada e dinamizada, maioritariamente, em formato de posters ou através de maquetes.
Para além de envolver alunos do ISMAT, o projeto integra alunos das Escolas de Turismo de Portugal, nomeadamente, escola Turismo de Vila Real de Santo António, Escola Turismo do Algarve/Faro, Escola de Turismo de Portimão e a Escola Qualificação Profissional DUAL Portimão. Assim sendo, encontram-se envolvidos no projeto “Comunidades Sustentáveis” mais de 100 alunos, distribuídos por 34 grupos, aproximadamente 30 docentes, 1 Instituição de Ensino Superior – ISMAT (líder projeto), 3 Escolas do Turismo de Portugal – Algarve, 1 Escola de Qualificação Profissional – DUAL, 4 Autarquias e 4 Juntas de Freguesia e respetivas comunidades locais.
As grandes ambições deste projeto, tal como partilha Rui Mendonça-Pedro, assentam em “aproximar a realidade académica do quotidiano das comunidades”, “trazer desafios concretos e aliciantes aos alunos, promover a utilidade prática e aplicabilidade concreta da investigação científica”, “aproximar todos os agentes da sociedade na busca de soluções sustentáveis”, “demonstrar as potencialidades do turismo na revitalização dos territórios de baixa densidade populacional, desenvolver espírito crítico nos discentes” e, finalmente, “difundir o mote central” do projeto Comunidades Sustentáveis: “… todos temos o direito a viver … onde nos sentimos felizes”.