A Associação de Produtores de Leite de Portugal (APROLEP) considerou esta segunda-feira, dia 23, ser “claramente insuficiente” o aumento de um cêntimo por litro pago aos empresários do setor pela Lactogal, uma das maiores empresas de laticínios do país.
Em comunicado, a associação revelou que esse aumento da remuneração paga pela Lactogal, que recolhe cerca de 70% do leite produzido em Portugal continental, irá acontecer nos meses de novembro e dezembro, mas que não é suficiente para cobrir os custos de produção.
“Este aumento temporário do preço do leite pago ao produtor é positivo, mas claramente insuficiente, ficando o valor recebido abaixo do custo estimado de produção, na ordem dos 35 cêntimos, e abaixo do valor médio previsto na União Europeia para outubro (36 cêntimos)”, considerou a APROLEP.
A associação lamenta, ainda, que o aumento de um cêntimo pago pela empresa seja apenas para os meses de novembro e dezembro, falando num “pré-anuncio de descida do preço em janeiro de 2018” que levanta muito receios no setor.
“Apesar de haver indicadores de que os preços no mercado europeu de laticínios seguirão altos e estáveis nos próximos seis meses, esse pré-anuncio de descida é o contrário da esperança de que os agricultores precisam”, aponta o comunicado da APROLEP.
Os produtores lembram ainda que o próximo ano será de custos acrescidos para o setor, devido “à seca e destruição dos incêndios”, considerando que há margem da indústria para aumentar os preços pagos aos agricultores.
“O ‘bónus’ anunciado representará apenas uma despesa de 1,5 milhões de euros para uma empresa que, no ano passado, gerou resultados de quase 30 milhões. Estando este ano o mercado de produtos lácteos claramente mais favorável, é só isto que esta empresa tem a partilhar com os produtores?”, questionou a APROLEP.
A organização lembrou, ainda, que o preço que é pago pela Lactogal, que é líder de mercado em Portugal, funciona como referência no setor, desafiando a empresa “a assumir a sua responsabilidade, a fazer mais e melhor para valorizar o leite produzido em Portugal”.
“Desafiamos também as restantes empresas, nomeadamente as multinacionais, especializadas em produtos lácteos de valor acrescentado, a darem o exemplo e pagarem o que pagam noutros países da União Europeia”, segundo o comunicado da APROLEP.