A produção renovável abasteceu 61% do consumo de energia elétrica em Portugal em 2023, num total de 31,2 TWh, o valor mais elevado de sempre no sistema nacional. A energia eólica abasteceu 25% do consumo em Portugal, a hidroelétrica 23%, a fotovoltaica 7% e a biomassa 6%.
Houve um crescimento homólogo de 70% na produção hidroelétrica, face ao ano particularmente seco que se tinha registado em 2022, bem como também um crescimento de 43% na produção fotovoltaica, devido ao aumento progressivo da capacidade instalada. Os índices de produtibilidade das fontes de energia renováveis ficaram praticamente em linha com os regimes médios, com um índice de 0,99 (média histórica igual a 1) para a hidroelétrica, o mesmo valor para a eólica e 1,01 para a produtibilidade solar.
A produção não renovável abasteceu apenas 19% do consumo, totalizando 10 TWh, o valor mais baixo desde 1988. Isto deve-se não só à maior disponibilidade de energia renovável, mas também ao elevado saldo importador, que abasteceu 20% do consumo, tratando-se do valor mais elevado de sempre e da sua maior quota no abastecimento do consumo desde 1981.
O consumo de energia elétrica abastecido a partir da rede pública em 2023 alcançou os 50,7 TWh, um crescimento de 0,8% face ao ano anterior, ou de 0,6% contando com a correção dos efeitos temperatura e número de dias úteis. É o consumo mais alto desde 2018, ficando a cerca de 3% do máximo histórico registado no sistema nacional, em 2010.
No que toca ao mês de dezembro, o consumo registou um forte crescimento de 6,9% ou 5,6%, com a correção dos efeitos de temperatura e dias úteis. A produção renovável abasteceu 73% desse consumo, a não renovável abasteceu 11%, enquanto os restantes 16% corresponderam ao saldo importador. Durante esse período, as condições foram favoráveis para a produção hidroelétrica, com um índice de produtibilidade de 1,09, ao contrário da produtibilidade eólica e solar, que registaram índices de 0,83 e 0,91, respetivamente.
No mercado de gás natural, em 2023, o consumo global foi o mais baixo desde 2014. Registou-se um consumo de 49 TWh, significando uma contração de 21% face ao ano anterior, resultado de uma redução de 42% no segmento de produção de energia elétrica e de uma diminuição de 3% no segmento convencional.
O aprovisionamento do sistema nacional em 2023 foi feito fundamentalmente a partir do terminal de GNL de Sines, com 95% do total do gás entrado em Portugal, recebendo-se os restantes 5% através da interligação com Espanha. O gás descarregado em Sines teve origem sobretudo na Nigéria e nos Estados Unidos, que representaram, respetivamente, 42% e 40% do aprovisionamento nacional.
Em dezembro, o consumo de gás manteve a tendência negativa que se registou ao longo do ano, com uma contração homóloga global de 11,5%. Trata-se de uma quebra de 51% no mercado elétrico, parcialmente compensada por um crescimento de 10% no segmento convencional.