A EY Parthenon fez um estudo sobre as redes de distribuição de gás e o impacto de uma eventual redução na procura de gás, concluindo que se prevê que a procura de gás natural no mundo cresça até 2040. Mas a partir dessa altura, poderá diminuir em função do nível de transição energética verificada.
Na União Europeia o cenário é diferente: projeta-se uma diminuição da procura de gás natural já a partir de 2025, a nível doméstico e não-doméstico (que poderá, porém, reverter-se por pressão da tendência mundial). Especificamente em Portugal, projeta-se que a procura de gás natural do segmento doméstico diminua em valor absoluto de forma contínua a partir deste ano.
São analisados três cenários da evolução futura do mercado de energia em Portugal: 1) Cenário Central, tem em conta as políticas e metas em vigor; 2) Cenário com maior contributo dos gases renováveis; e 3) Cenário com uma taxa de eletrificação acima do esperado.
Por exemplo, o Cenário Central prevê que, no setor residencial, o consumo de gás natural se situe em 16% em 2030, mas em níveis a rondar 1% em 2050.
Isso terá consequências para a rede de fornecimento: uma redução significativa da procura de gás poderá acarretar consequências nocivas para o financiamento da rede, prevendo-se quebras superiores a 527 milhões em 2050.
O estudo alerta que um mix energético futuro composto na esmagadora maioria por eletrificação é pouco provável, pelo que se antecipa um papel relevante para os gases renováveis e o gás natural.
De facto, o aumento no consumo de eletricidade na Europa abrandou desde 2008 (ano de pico) e desde 2021, a procura tem diminuído consistentemente em cerca de 3% ao ano, não correspondendo às expectativas de uma “recuperação” pós-COVID-19.
Acresce que o Relatório de Monitorização da Segurança de Abastecimento do Sistema Nacional de Gás 2024-2040 da DGEG (RMSA-Gás) converge com esta perspetiva mais realista: o gás natural perde relevo até 2040, mas ainda assim mantém-se importante tanto na indústria como nos serviços e, mesmo, no mercado residencial.
Conclui-se que, fruto da elevada incerteza hoje existente nos mercados, é fundamental manter todos os ativos energéticos em boas condições, com uma matriz energética diversificada. Em qualquer um dos cenários analisados, a rede de distribuição de gás é crucial para a segurança energética e a transição em direção a energias renováveis.