Procura de embalagens aumentou em 2020 face a 2019, revelam dados da CEPI
A procura por embalagens de papel e de cartão aumentou no ano passado, apesar do abrandamento económico na Europa e das restrições sanitárias impostas pela Covid-19, beneficiando do forte crescimento do comércio eletrónico, provocado pelo confinamento decretado nos vários países. Esta é uma das conclusões dos dados preliminares da Confederação Europeia das Indústrias de Papel (CEPI), de que a CELPA (Associação da Indústria Papeleira) é associada.
Apesar da conjuntura difícil no ano passado devido à pandemia, a “maioria das fábricas do setor papeleiro manteve a produção sem interrupções”, ainda que “algumas unidades tenham abrandado a laboração devido à menor procura”, lê-se no comunicado da CELPA.
De acordo com os dados, “estima-se que a produção de caixas de cartão ondulado, essenciais para o transporte de bens como medicamentos e alimentos, tenha subido 2,1% face a 2019”. Esta subida demonstra o “aumento da sensibilidade por parte dos clientes por materiais recicláveis”, refere o comunicado da CELPA, dando nota que “os produtos de papel e cartão têm vindo progressivamente a substituir materiais como os plásticos, nomeadamente os de aplicação única”.
A produção de cartão e papel para embrulhos, utilizado essencialmente para bens de retalho, bem como de sacos de papel, manteve-se estável. Também a procura doméstica por papéis de higiene foi relativamente positiva em 2020, apesar das restrições provocadas pela Covid-19 que afetaram o segmento “fora de casa”.
Quer o tissue quer outros produtos de higiene são essenciais para os cidadãos e oferecem a solução mais segura, particularmente para a implementação das recomendações da Organização Mundial de Saúde e dos governos nacionais. Os papéis sanitários e para uso doméstico apresentaram um crescimento de 1,9% em comparação com 2019, indicam os dados.
Segundo Jori Ringman, diretor-geral da CEPI, “a prioridade da indústria europeia da pasta e do papel, no ano passado, foi a de garantir que todos os cidadãos europeus pudessem ter acesso aos produtos que necessitam, sejam produtos de higiene, de saúde ou alimentares. Trabalhámos intensamente com outros setores, ao longo da cadeia de valor, para assegurar a segurança na entrega de bens aos cidadãos”. E os dados da indústria mostram que “a crise e os períodos de confinamento aceleraram mudanças nos padrões de consumo. São mudanças que vão ter impactos profundos nos mercados”, afirma.
No total, o consumo de papel e cartão sofreu, ainda assim, o impacto da recessão económica e caiu 6,6%. O PIB na Europa recuou 7,4% em 2020, após ter crescido 1,6% em 2019. Nos países dos associados da CEPI, a produção de papel e de cartão recuou 5% no ano passado, em relação a 2019. Esta descida deve-se essencialmente às consequências da Covid-19 na procura global.
A utilização de papel para reciclagem nas empresas papeleiras na área da CEPI deslizou 2,1%, em relação ao nível de 2019. A pandemia limitou a disponibilidade e a qualidade da oferta de fibra reciclada em 2020. Esta situação, de acordo com a CELPI, poderá vir a colocar-se também em 2021, uma vez que a Europa tem das mais elevadas taxas de reciclagem em termos mundiais, pelo que a limitação do número de ciclos de reciclabilidade das fibras por contaminação dos processos de recolha de resíduos, maioritariamente circuito doméstico, coloca em risco todo o potencial que poderia ser extraído. Cerca de 96% do papel para reciclagem na Europa provém do consumo doméstico. As exportações caíram 8,4% de acordo com estatísticas preliminares.