Criada no âmbito da Lisboa Capital Verde Europeia 2020, a Bienal do Ambiente é um projeto com direção artística de Miguel Petchovsky, que tem como principal objetivo promover um diálogo entre as práticas artísticas contemporâneas e o discurso das ciências, colocando lado a lado artistas e cientistas para que pensem em conjunto sobre as alterações climáticas globais.
A Bienal do Ambiente debruça-se em 2020 sobre o tema “A Arte da comunicação científica: a água” e no seu primeiro momento, que decorre ainda este mês, vai dedicar uma exposição, uma conferência e uma masterclass a uma reflexão sobre a água e o efeito do aquecimento global nos nossos oceanos — com entrada livre.
A figura central deste momento é o artista Paul Rosero Contreras, do Equador, que tem desenvolvido a sua obra com dados científicos, realismo especulativo e narrativas ficcionais, focando-se em assuntos relacionados com a geopolítica, as questões ambientais e a relação entre os humanos e as condições de vida extremas.
Agenda
A Bienal do Ambiente arranca na quinta-feira 19 de março, às 9h00, com a masterclass “Zona de Convergência”. O artista Paul Rosero Contreras vai desenvolver com os participantes um espaço de convergência entre o discurso científico e a prática artística contemporânea sobre o ambiente. A masterclass destina-se a artistas e estudantes interessados na temática ambiental e, em particular, nos mares e oceanos e decorre de quinta-feira até domingo, das 9h00 às 13h00, no Espaço Camões da Livraria Sá da Costa. Inscrições através do email abaambiente@gmail.com (máx. 12 participantes).
No final de tarde de sexta-feira, 20 de março, às 18h00, no mesmo espaço, realiza-se a inauguração da exposição “Os Oceanos, Fonte Primária da Vida no Planeta”, com obras de Paul Rosero Contreras e Paulo Relvas (terça-feira a sábado, das 11h às 19h00, até 20 de abril).
Paul Rosero Contreras apresenta duas instalações nesta exposição: “Dark Paradise” é uma obra baseada numa expedição submarina a um vulcão ativo das Ilhas Galápagos, o vulcão Roca, que serviu de pesquisa sobre a acidificação dos oceanos (diminuição do PH da água dos oceanos, devido ao aumento do dióxido de carbono na atmosfera), visível através dos corais-sol; “Ensaio sobre a cegueira“, uma escultura híbrida feita de borracha, caracóis marinhos, objetos de vidro, água do mar, um sistema de som e fotografias, é uma clara referência à obra de José Saramago, como também às obras e à personalidade de Jorge Luís Borges, que cegou nos últimos anos da sua vida. Paulo Relvas, professor na área da Física do Oceano na Universidade do Algarve, apresenta “A circulação do Oceano“, que explora as características únicas do oceano que banha a região do Cabo de São Vicente.
No domingo 22 de março, às 16h00, no Centro Cultural de Belém (CCB), Paul Rosero Contreras junta-se a vários cientistas para a conferência “Os oceanos, o aquecimento global e a biodiversidade marinha”, onde serão abordados tópicos como a circulação do Oceano, implicações no ecossistema e aumento do nível do mar, O aquecimento global e impacto nos oceanos e nas zonas costeiras do planeta e a biodiversidade marinha. A conferência contará com a presença do prof. Miguel Caetano, IPMA Portugal, do prof. Paulo Relvas, Universidade do Algarve, e do Dr. Howard Wood, do The Community of Arran Seabed Trust, Escócia, e contará com a moderação do prof. Rui Agostinho, astrofísico.
Estão já confirmadas mais três conferências no âmbito da Bienal do Ambiente ao longo de 2020:
24 de maio – A Cryosfera e os impactes do degelo polar nos oceanos
27 de setembro – A água e as inter-relações com seres humanos e biologia marinha
13 de dezembro – A água nas narrativas mitológicas do imaginário cultural/artístico
O programa completo da Bienal do Ambiente será disponibilizado em breve. A Bienal do Ambiente conta com o apoio da Câmara Municipal de Lisboa e da Lisboa – Capital Verde Europeia 2020 e com o Centro Cultural de Belém, a LISBOA e-nova e o Centro de Ciências do Mar/ Universidade do Algarve como parceiros.