Prémio Pessoa: Geógrafo galardoado destaca estreia das Ciências do Ambiente
O geógrafo Miguel Bastos Araújo afirmou esta sexta-feira ter reagido com surpresa à atribuição do prémio Pessoa 2018, destacando que é a primeira vez que o galardão distingue alguém das Ciências do Ambiente.
Em declarações à agência Lusa, Miguel Bastos Araújo disse que o prémio hoje anunciado “distingue o trabalho de toda uma equipa” e tem “um lado emocional”, porque, dos vários prémios já recebidos, “é o primeiro reconhecimento em Portugal, o que traz uma certa alegria”. “O mais importante é que é um prémio que distingue o conhecimento” e traz “mais visibilidade” aos temas ambientais, dos quais há hoje uma consciência maior”, declarou.
Miguel Bastos Araújo frisou que se produz “boa ciência em Portugal”, reportando-se especialmente à Universidade de Évora, onde está baseado e que distinguir desta forma um cientista do ambiente espelha a “maturidade científica” e a “consciência social” para as questões ambientais, como as alterações climáticas.
O membro do júri do prémio Viriato Soromenho Marques disse aos jornalistas que Miguel Bastos Araújo foi distinguido pelo seu “mérito científico” no trabalho sobre biodiversidade, clima e geografia, e destacou que as “áreas científicas que trata são de absoluto interesse público”.
O presidente do júri, Francisco Pinto Balsemão, disse aos jornalistas que o nome de Miguel Bastos Araújo foi proposto pelo público, por alguém exterior ao júri, e frisou que o prémio é atribuído a uma pessoa e não a uma causa, ainda que se tenha falado da urgência de discussão sobre o problema ambiental.
“Numa altura em que, no plano político, económico e cultural, a nível global, se erguem tantas vozes e forças poderosas, criando obstáculos ao contributo das ciências para o estudo e a busca de soluções para os problemas fundamentais da sobrevivência humana, nomeadamente no que respeita à crise do ambiente e das alterações climáticas, a atribuição do Prémio Pessoa 2018 a Miguel Bastos Araújo constitui um sinal claro de que o conhecimento, a ciência com consciência e as políticas públicas nela inspiradas, são indispensáveis para alimentar a esperança num futuro sustentável”, diz a ata do júri.
O júri destacou ainda, “pelo seu caráter exemplar, o facto de ter sido criada sob a sua direção na Universidade de Évora uma Cátedra de Biodiversidade Rui Nabeiro, um caso raro de mecenato científico em Portugal”.
Miguel Bastos Araújo tem visto o seu mérito científico reconhecido através de importantes prémios internacionais, obtidos nos últimos cinco anos, entre eles, o Ebbe Nielsen Prize (2013), O Wolfson Research Merit Award (2014), o King James I Award (2016) e o Ernst Haeckel Prize (2018). O Prémio Pessoa, no valor de 60 mil euros, é uma iniciativa do semanário Expresso e da Caixa Geral de Depósitos.