O brent, o crude de referência para as importações portuguesas, negociava, há um ano, a 85 dólares por barril. Hoje vale cerca de metade: fechou a 49,56 dólares na sexta-feira (-41,7%). E, de acordo com o Goldman Sachs, os preços poderão recuar até a uns “impensáveis” 20 dólares o barril já no próximo ano. Isto porque, por um lado, o mercado está inundado de crude devido à luta pela liderança entre os EUA e a Arábia Saudita e, por outro, ao aumento da produção das principais companhias petrolíferas mundiais (inclusive a Galp Energia), numa altura em que a economia mundial, até agora puxada pela forte expansão da China e outras economias emergentes, dá sinais de claro arrefecimento, noticia o Diário de Notícias.
Ainda segundo o DN, no petróleo, como em tudo, quem manda é o mais forte. O rápido desenvolvimento tecnológico tornou viável e rentável a exploração do petróleo de xisto betuminoso e permitiu aos EUA escalarem lugares entre os maiores produtores. Quando a quota de mercado da Arábia Saudita começou a ser posta em causa, Riade começou por cortar nos preços de exportação para outros mercados. Mas o passo decisivo foi dado a 27 de novembro de 2014. Os 13 países da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) reuniram-se em Viena e decidiram manter a produção de petróleo nos 30 milhões de barris de crude por dia com o objetivo de inundar o mercado mundial, baixar o preço e tornar as explorações de petróleo norte-americanas economicamente inviáveis. Oito países votaram contra mas, os sauditas, fizeram valer o estatuto de maior produtor. A Arábia Saudita, ao explorar o petróleo à superfície, tem custos muito mais baixos de produção e uma almofada maior para resistir à queda dos preços do que os EUA, que têm de utilizar tecnologia mais cara para conseguir extrair o ouro negro.
Os efeitos da queda dos preços, é claro, não atingiram só os EUA – outros produtores, como Angola, Venezuela, Rússia, e até pequenos produtores da OPEP, estão a sofrer os danos deste fogo cruzado.
Os preços do petróleo vão manter-se baixos nos próximos dois, três anos, dizem os analistas. E, como a produção só é rentável a partir dos 60 dólares por barril, com o preço registado pela última vez no início de julho de 2015, é de prever que vem aí tempos ainda difíceis.