Estalou o verniz no setor das águas em Portugal. Menos de 24 horas depois de o presidente da Águas de Portugal demitir-se em rota de colisão com a tutela, o pai da reforma veio a público reagir, ao atacar o Governo de António Costa pela marcha atrás na reestruturação do setor das águas.
“Nada justifica, exceto o revanchismo e o preconceito, a reversão e a destruição de uma reforma, longamente pensada, estudada e discutida, que enfrentou problemas identificados há 20 anos”, escreveu o vice-presidente do PSD na sua página de Facebook, citado pelo Negócios. As palavras duras de Jorge Moreira da Silva foram escritas depois da demissão de Afonso Lobato Faria do grupo Águas de Portugal.
Com a chegada do novo Governo, a reversão da reestruturação já tinha sido anunciada, mas na semana passada ganhou cariz oficial quando o Ministério do Ambiente lançou o seu roteiro para o setor.
Moreira da Silva garantiu que “nunca ponderou, admitiu ou equacionou” privatizar o setor das águas. E argumentou ainda que a única forma de travar a sua privatização era através de uma “profunda reforma que garantisse a redução de custos, a coesão territorial e a sustentabilidade económica e financeira”.
E continua: “De uma penada, sem estudos e sem diálogo, o Governo anunciou, na passada semana, de forma quase clandestina, com base numa apresentação powerpoint, a reversão de uma reforma, que já tardava há 20 anos”.
A reversão da reforma do setor das águas, avisa Moreira da Silva, vai gerar “um buraco financeiro que acabará por ser pago ou com mais tarifas, ou com mais défice tarifário ou com mais impostos”.