“Precisamos de apoiar as empresas, as startups e a inovação”, defende ministro da Economia e do Mar
“Precisamos de apoiar as empresas, as startups e a inovação. Portugal não pode ter um caminho sustentável para o futuro se não formos capazes de desenvolver um modelo baseado na inovação tecnológica”. Quem o disse foi o ministro da Economia e do Mar, António Costa e Silva, que não tem dúvidas do potencial do país.
O atual ministro da Economia e do Mar que falava, na tarde desta segunda-feira, 11 de abril, na sessão de abertura do lançamento da 2.ª Edição da Call INNOV-ID, reconhece as valências do país no que à inovação diz respeito, mas lamenta, a “falta de financiamento para sustentar as ideias”, a “crença para trilhar um caminho” e o “acesso aos mercados internacionais”. E nestes desafios, António Costa e Silva felicita aquele que tem sido o papel do Portugal Ventures (promotor da iniciativa): “Tem sido um sustentáculo a apoiar o ecossistema das startups. Sem elas não temos nada para o futuro”.
O dirigente parece não ter dúvidas de que Portugal está no momento exato de passar de um “modelo de baixos salários de desenvolvimento” para um “modelo baseado na inovação tecnológica”: “Acredito que se alinharam todas estratégias ao nível das instituições públicas com aquilo que está no sistema produtivo português vamos alcançar esse desiderato”.
Descarbonização da economia. Sustentabilidade de processos, produtos e materiais. Maior eficiência e sustentabilidade energética. Maior circularidade da economia. Estes são os quatro eixos desta segunda edição da Call INNOV-ID, um projeto da Portugal Ventures, da Sociedade de Capital de Risco do Grupo Banco Português de Fomento, em parceria com a ANI – Agência Nacional de Inovação, e com a colaboração da Startup Portugal.
António Costa e Silva olha, desta forma, para iniciativa como uma “oportunidade” de olhar para os “erros do passado”, dando ênfase às “estratégias energéticas”, nomeadamente, à “dependência elevada que a União Europeia tem da Rússia”, e perceber que o caminho passa, efetivamente, pela transição energética: “Evidentemente que não fazemos de um dia para o outro essa transição”. Mas, avaliando o percurso de Portugal em matérias de energias renováveis, o ministro da Economia e do Mar é perentório: “É um exemplo e basta ver o percurso extraordinário da energia eólica e solar: são as sinergias do futuro. O potencial é enorme”.
No pilar da descarbonização, o dirigente considera que um dos “grandes erros” da civilização foi deixar de olhar para a Natureza e pensar que “artificialmente” era possível sustentar a sociedade: “Temos de olhar com outros olhos para a Natureza: é – a Natureza – que faz a descarbonização”. Outro ponto que parece ser evidente para Costa e Silva é o papel das biotecnologias no futuro: “Os produtos biológicos vão substituir os plásticos e fertilizantes químicos e toda a cadeia convencional de produtos que coloca dificuldades à sustentabilidade da nossa civilização”. Portanto: “São as startups que conseguirem estar na primeira linha e que sejam capazes de gerar ideias e processo para criar produtos biológicos que vão transformar a economia”. Ainda em jeito de comentários, o ministro do Mar e da Economia não parece ter dúvidas de que, em Portugal, existem tecnologias, juntamente com inteligência artificial, capazes de “revolucionar os modelos de negócios e processos” de trabalho.
Uma das áreas que, no entender do responsável, parecem ser mais decisivas para o futuro é, precisamente, a economia circular, um dos eixos deste iniciativa. Recordando os dados mais recentes da Agência Internacional da Energia e da União Europeia, o ministro alerta que, por ano, na Europa, são produzidos 4 mil milhões de toneladas de resíduos: “Transformamos recursos em lixo numa velocidade sem precedentes”. E o tratamento destes 4 mil milhões de toneladas resultaria na “recuperação de 25% a 30% dos minerais estratégicos que são indispensáveis para a nossa civilização”, atenta.
Apesar de reconhecer o papel decisivo das empresas enquanto verdadeiros “motores do desenvolvimento económico” do país, bem como de “criação de riqueza”, o dirigente reforça que as ideias vindas da comunidade mais jovem devem ser mais apoiadas (e financiadas): “Devemos fazer um balanço de tudo o que aconteceu nesta última década, realinhando estratégias e trabalhando com todos os operadores para se ter uma visão de futuro: somos nós que fazemos o futuro, são as escolhas, é a determinação e a persistência”.
Com candidaturas abertas de 11 de abril a 20 de maio, a Portugal Ventures irá investir 100.000€ por projeto, investimento este que se destina ao desenvolvimento de protótipo, prova de conceito, produto (MVP) ou validação de product-market-fit.