Portugueses desperdiçam um milhão de toneladas de alimentos todos os anos
Dois anos após o lançamento do Movimento Unidos Contra o Desperdício, o balanço não podia ser mais positivo, contando, até ao momento, com três mil particulares e com mais de 300 empresas: “Sentimos desde o seu início que as pessoas querem saber mais sobre este tema e aprender mais sobre ele para poderem fazer parte da solução e que as empresas já adotam muito boas práticas que querem partilhar e tornar mais visíveis”, afirma Francisco Mello e Castro, porta-voz do Movimento Unidos Contra o Desperdício.
No âmbito do Dia Mundial de Combate ao Desperdício Alimentar, que se assinala esta quinta-feira, 29 de setembro, o Movimento Unidos contra o Desperdício vai organizar um evento dedicado ao Desperdício Zero: “O evento de hoje vai reunir os vários setores da cadeia alimentar e convida o consumidor final a ocupar a primeira fila”. No entender do responsável, a única forma de resolver este problema com impactos a vários níveis é, precisamente, “chamando toda a atenção que pudermos para o mesmo, porque apenas assim conseguiremos que pessoas e empresas tomem consciência de que têm que fazer parte da mudança que é necessária para resolver isto”. Nesse sentido, “a decisão da ONU – Organização das Nações Unidas em designar esta data, 29 de setembro, como o Dia Mundial de Combate ao Desperdício Alimentar foi um grande passo”, afirma.
Questionado sobre a atuação de Portugal no que ao desperdício alimentar diz respeito, Francisco Mello e Castro lamenta o facto de “ainda existirem poucos números que nos permitam acompanhar a evolução do desperdício alimentar (e do seu combate)”, seja no país, na Europa e no Mundo: “Estima-se que o nosso país é responsável por desperdiçar um milhão de toneladas de alimentos, todos os anos. São 100kgs por cada português”. Apesar desta realidade, o responsável afirma que, através do Movimento, regista-se um “preocupação séria” por parte dos vários setores que compõem a cadeia com este tema: “Já há muitas coisas que são feitas na agricultura, na indústria, na logística e na distribuição no sentido de mitigar este problema grave”.
Apesar das várias iniciativas de sensibilização que são promovidas, Francisco Mello e Castro considera que é fundamental “atacar” em várias frentes: “nas escolas através de muita pedagogia, nas cadeias de distribuição através da formação dos colaboradores e responsáveis de secção, no canal HORECA para que haja muito menos desperdício do que o que atualmente existe, etc”. Sendo que o “maior foco de desperdício alimentar” acontece nas casas dos portugueses, estimando-se que, 40% do desperdício total é feito nas habitações, o porta-voz do Movimento atenta na necessidade de se “falar e explicar” aos milhões de portugueses que o problema é real e a soluções são simples: “E muito mais simples que evitar andar de carro ou avião para reduzir as emissões de CO2: por exemplo, fazer uma lista de compras, não ir às compras com fome, aprender como arrumar devidamente os alimentos no frigorífico, não ter vergonha de pedir para levar o que sobrou na travessa do restaurante para casa… Tudo medidas muito simples que, somadas, vão mexer o ponteiro”, sustenta.
Apesar de “haver muito para fazer” Francisco Mello e Castro constata que o impacto do esperdício alimentar é valorizados nas políticas públicas, dando como exemplo, a criação por parte do Governo da Comissão Nacional de Combate ao Desperdício (CNCDA): “A flexibilização da ASAE sobre uma série de regras de higiene alimentar têm permitido imensas doações de produtos que, por alguma razão, já não podem ser vendidos nos supermercados, mas que ainda estão em ótimas condições de consumo”.
Projetos em curso…
Para além deste evento que assinala o Dia Mundial de Combate ao Desperdício Alimentar e do lançamento de uma “campanha de sensibilização de todos os portugueses”, o Movimento Unidos Contra o Desperdício está a planear uma ação para o Natal (“onde há muito desperdício”) e várias outras para o ano de 2023: “O nosso foco está sempre na comunicação e sensibilização dos portugueses”, afinca.
Com mensagem ao Dia Mundial de Combate ao Desperdício Alimentar, Francisco Mello e Castro escolhe aquela que será passada na campanha nacional: “Não é preciso sermos super-heróis para resolvermos este problema com uma escala Mundial e assustadora. E antes de pensarmos evitar andar de avião para poupar o planeta de emissões de CO2, podemos fazer um empadão. E podemos efetivamente ajudar a salvar o planeta, com uma açorda de cada vez!”.