Portugueses consideram a reciclagem mais importante do que a energia, os transportes e a banca
O estudo indica que 84% dos portugueses faz a separação de resíduos e 36% entende que sistemas de incentivo ou tara recuperável são determinantes para aumentar a reciclagem em Portugal.
A larga maioria dos portugueses considera a reciclagem e a separação de resíduos um setor prioritário para a sociedade portuguesa (92%), à frente da energia (90%), dos transportes (89%) e da banca (78%). Já quando questionados sobre se fazem a separação de resíduos, 84% dos portugueses respondem de forma afirmativa, apontando a preservação do ambiente como o que mais os motiva (97%). O estudo indica ainda que 36% dos Portugueses que reciclam entende que só se aumenta a recolha caso existam sistemas de incentivo/tara recuperável.
Estas são algumas das conclusões do 1.º Observatório Permanente de Tendências de Reciclagem, uma iniciativa promovida pela Novo Verde, uma entidade gestora de resíduos, responsável pela recolha, valorização e reciclagem de embalagens. O trabalho de campo deste estudo foi desenvolvido pela Marktest e medirá, trimestralmente, os hábitos e atitudes dos portugueses no que diz respeito à separação de resíduos.
Ricardo Neto, presidente da Novo Verde, explica que com este barómetro pretende-se “medir o ‘pulso ecológico’ dos portugueses e ter um diagnóstico permanente sobre o que fazem, como fazem e porque não o fazem. Este observatório permitirá, ainda, uma análise de práticas de reciclagem no foro geracional que nos ajude, a todos nós, a aumentar os índices de reciclagem. Todos somos poucos para esta tarefa tão urgente quanto incontornável”.
Analisando as gerações, conclui-se que metade da população que recicla pertence à geração X (37-57 anos). O segundo grupo com mais peso no volume de reciclagem nacional é o da geração Y (22-36 anos), com 29,7% da quota, seguindo-se os Baby Boomers (+58 anos) com 12%. Em último lugar ficam os jovens com menos de 21 anos (geração Z), com apenas 8,5% a afirmar que recicla.
No entanto, são os mais novos quem mais acredita no poder da educação e sensibilização enquanto incentivo para reciclagem. Já em relação à problemática do plástico, a preocupação dos portugueses ainda é baixa: 70% continua a ter o hábito de comprar bebidas em embalagens de plástico não reutilizável. Um número que desce para 68% junto dos inquiridos com menos de 21 anos, e vai aumentando de geração em geração até aos Baby Boomers (75%). Já quando confrontados com a possibilidade de deixar de comprar um produto por este ter uma embalagem de plástico, apenas 2 em cada 10 portugueses se mostra disponível para o fazer.
Entre os portugueses que não reciclam, metade diz que não o faz pela falta de hábito e um quarto tem dúvidas da eficiência do processo de reciclagem após recolha. A disponibilização ecopontos para a separação dentro de casa (73%) e mais locais de recolha espalhados pelo território (45%) são os dois fatores indicados para o aumento de volume de resíduos reciclados em Portugal. No entanto, a falta de espaço nos lares acaba por ser um fator assinalado por 26% dos inquiridos como um impedimento à separação de resíduos dentro de casa.
Note-se ainda que, no computo geral – portugueses que reciclam e não reciclam — apenas 4 em cada 10 está satisfeito com a distância entre a residência e o ecoponto mais próximo. Já quanto à frequência de recolha dos ecopontos, o número baixa para 2 em 10, sendo o número ainda mais baixo quando o tema é a limpeza dos ecopontos e área envolvente ou as campanhas de sensibilização, em que apenas 1 em 10 diz estar satisfeito. O estudo conclui ainda que 7 em cada 10 pessoas acredita que as empresas devem ajudar os consumidores a serem ambientalmente responsáveis e que reciclar é um dever de todos.