Portugal vai ter um novo “Livro Vermelho dos Peixes Marinhos”

O Oceanário de Lisboa e a Fundação Oceano Azul, em colaboração com o Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) e com o apoio da Câmara Municipal de Lisboa (CML), iniciam em 2021 a produção do novo “Livro Vermelho dos Peixes Marinhos de Portugal”.

Segundo o Oceanário de Lisboa, trata-se de uma “importante ferramenta” para a fundamentação das decisões necessárias à melhor e maior conservação do oceano e que há 30 anos não é atualizada. Em Portugal, o único “Livro Vermelho dos Peixes Marinhos de Portugal” foi elaborado em 1993, impondo-se uma “revisão e atualização urgente desta informação”, sobretudo num momento em que “o mundo enfrenta uma crise climática e de extinção de espécies”, e que para “preservar a biodiversidade e a vida marinha se torna crítico saber quais os níveis de ameaça a que cada espécie está sujeita”, lê-se num comunicado.

Perante este panorama de escassa informação e com um baixo número de espécies marinhas avaliadas, estas entidades decidiram unir esforços para em conjunto iniciarem a produção do novo “Livro Vermelho dos Peixes Marinhos de Portugal”.

Com conclusão prevista para 2023, este ambicioso projeto visa assim aumentar e atualizar o conhecimento sobre as espécies que ocorrem no mar português.

Tal como indica o Oceanário de Lisboa, para o início dos trabalhos foi determinante, desde logo, o apoio técnico e científico da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), bem como do ICNF, a par do apoio da CML que, prontamente reconheceu a importância estratégica deste desafio.

Através de um Protocolo assinado em julho de 2021, a CML assegurou um financiamento de 100 mil euros para apoiar este projeto, montante que permitirá avançar já com a investigação e recolha de informação sobre diversas espécies.

Para José Sá Fernandes, vereador do Pelouro do Ambiente, Estrutura Verde, Clima e Energia da Câmara Municipal de Lisboa, “este é o modo de Lisboa dar um contributo e um impulso à investigação científica e à relação umbilical que sempre teve com o mar”.

Sobre o novo “Livro Vermelho dos Peixes Marinhos de Portugal”, João Falcato, CEO do Oceanário de Lisboa, considera que “é crítico para a preservação da biodiversidade assegurar o conhecimento científico que possa fundamentar as decisões que são necessárias à proteção das espécies marinhas. Por isso, é muito importante o Oceanário poder continuar a contribuir de forma significativa para a conservação do Oceano”. O responsável destacou ainda que “o apoio dado pela Câmara Municipal de Lisboa foi essencial, nomeadamente nesta altura de maior dificuldade financeira, para podermos dar início a este projeto crítico e ambicioso, ao qual esperamos que mais entidades venham a juntar-se”.

Para este passo estratégico na promoção da conservação do oceano, foi determinante também o trabalho que tem sido feito no Oceanário de Lisboa, desde 2018, em parceria com a UICN, através da integração de um «”pecies Survival Officer” na sua equipa. Como resultado dessa colaboração, das cerca de 3.263 espécies marinhas avaliadas nos últimos 3 anos, o Oceanário de Lisboa já contribuiu de forma relevante para a identificação de mais de 700 espécies, o que representa cerca de 20% das espécies marinhas avaliadas internacionalmente, precisa o mesmo comunicado.

A Lista Vermelha da UICN agrega a informação científica sobre risco de extinção de espécies, constituindo o “maior e mais completo repositório de informação mundial” sobre o tema. Em termos globais, “estima-se que existam cerca de 8.7 milhões de espécies no nosso planeta, das quais já foram descritas mais de 1.2 milhões, a grande maioria terrestre”. Contudo, “somente 138.374 espécies foram avaliadas a nível global, das quais apenas 16.921 são espécies marinhas”, refere a nota partilhada pelo Oceanário de Lisboa.