Portugal tem um “enorme potencial” e “ingredientes necessários” para ter uma cadeia de valor de baterias sustentável
“Aprecio os esforços da presidência portuguesa em ter uma abordagem genérica ao nível do regulamento das baterias até ao final de junho”. A declaração é de Maroš Šefčovič, vice-presidente da Comissão Europeia, que falou, esta quarta-feira, na sessão de abertura da Conferência “Green Mining”, promovida no âmbito da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia.
“Portugal tem desempenhado um papel decisivo e é um país com enorme potencial e com ingredientes necessários para ter uma cadeia de valor de baterias sustentável”, disse o vice-presidente da Comissão Europeia, destacando a “abundância de energias renováveis” e a “força de trabalho com competências” e com “líderes ambiciosos”. Portugal tem também “reservas significativas de recursos naturais”, incluindo o lítio, sendo importante “enquanto matéria-prima essencial” para o futuro da Europa.
Para Maroš Šefčovič, as matérias-primas são uma parte muito importante da transição energética e no Pacto Ecológico Europeus, através da utilização de várias tecnologias, como por exemplo, a “energia eólica ou a fotovoltaica: “Tendo matérias-primas em número e em quantidade suficiente acaba por ser muito estratégicas para vários setores”, declarou.
Nos desafios que a Europa tem pela frente, nomeadamente para responder às necessidades de setores como as renováveis ou o aeroespacial, Maroš Šefčovič foi perentório: “Vamos precisar de 80% mais lítio e 60% de mais cobalto em 2030 e mais 60% lítio e 15 vez mais cobalto em 2050, comparativamente ao fornecimento atual”. Além disso, existem “25 milhões de empregos na manufatura” que dependem dessas matérias-primas, alerta.
Desta forma, tendo em consideração a aliança europeia e o número limitado de países terceiros para a importação deste tipo de material, a Comissão Europeia conseguiu desenvolver um plano para matérias-primas que assentam dois princípios: “Melhorar as importações através de protocolos com países terceiros ricos em minerais e aumentar a capacidade de produção de matérias-primas primárias e secundárias”. Para levar avante este desígnios, o vice-presidente da Comissão Europeia sublinhou a importância de se trabalhar em conjunto, demonstrando que não se vai repetir os erros do passado: “Sejamos claros: quaisquer atividades relativas a matérias desde a exploração até ao encerramento de minas, deve ser feito de uma forma sustentável e ecológica”.
Na sua intervenção, Maroš Šefčovič disse ainda que a Comissão Europeia vai lançar um diálogo aberto e claro, juntando as indústrias, parceiros sociais e instituições privados e públicas, em torno da regulamentação das baterias: “Vamos publicar um conjunto de princípios e competências que devem ser respeitados para que possamos ter atividades amigas do ambiente”.
Por fim, o vice-presidente encorajou ainda aos Estados-membros a utilizarem os “fundos disponíveis ao nível europeu para investimentos em projetos” deste âmbito.
A Conferência “Green Mining” decorreu durante a manhã desta quarta-feira, a partir do Centro de Belém, em Lisboa, e foi transmitida em formato online. O debate centra-se nos princípios do “Green Mining” e da sustentabilidade da cadeia de valor das baterias, o contributo da indústria mineira responsável pela descarbonização e apresentar testemunhos de resiliência e inovação na indústria mineira nacional e internacional.