Portugal tem de ser um exemplo para assim exigir a solidariedade de todos, defende Matos Fernandes
“Uma semana importante em que se comemora cinco anos do Acordo de Paris. Uma semana para se recordar as metas, aquilo que fizemos nestes cinco anos e qual vai ser o nosso compromisso para o futuro”. As declarações são de João Pedro Matos Fernandes, ministro do Ambiente e da Ação Climática, na cerimónia de assinatura do protocolo “Mercados Locais Voluntários de Carbono”, realizada esta quarta-feira.
Este projeto piloto, promovido pelo CEiia (Centro de Engenharia e Desenvolvimento), pretende criar ecossistemas que permitam valorizar monetariamente as emissões de CO2 poupadas numa cidade, região ou setor de atividade, a partir do comportamento dos cidadãos, comunidades e empresas.
Na sessão de encerramento, o ministro do Ambiente destacou a importância da tecnologia no combate às alterações climáticas e nas metas tão ambiciosas de Paris. No entanto, alertou: “É também verdade que aqueles que acham que a tecnologia vai resolver os problemas todos estão enganados”. Nesta matéria, salientou a importância do “comportamento” e dos “compromissos” de cada um, louvando o papel do CEiiA com esta iniciativa: “É de facto um sintoma de grande inteligência, de grande solidariedade e de grande capacidade de compromisso esta decisão do CeiiA em lançar este desafio às autarquias com o objetivo de dizer que a tecnologia é fundamental mas não é suficiente e temos que envolver as pessoas e lançar os mercados de carbono sob a forma de chegar a cada um”.
Matos Fernandes lembrou que as cidades são de facto responsáveis por cerca de “dois terços da energia mundial” e “mais de 70% das emissões” estão nas cidades: “O PNEC 2030 reconhece de forma clara, sendo que, também, é evidente que nas cidades exista mais massa crítica capaz de novas soluções e novos compromissos”.
Não restam dúvidas de que o tema “ambiente” deixou de ser “pano de fundo” das preocupações, para passar a ser o “eixo nuclear” do crescimento económico: “Sermos neutros em carbono significa colocar a economia a crescer com mais investimento mas garantindo que esse crescimento é ele mesmo neutro em carbono, regenerador de recursos e que cabe dentro dos limites do nosso sistema terrestre”.
Matos Fernandes voltou a lembrar que esta segunda-feira marca o arranque das comemorações no Ministério do Ambiente e da Ação Climática dos cinco anos do Acordo de Paris, mas aquele que foi o “primeiro sintoma” da celebração aconteceu na semana passada: “Faz hoje oito dias que a Comissão Europeia tornou pública a avaliação que faz de cada um dos PNEC´s e os apreciou”, tendo destacado Portugal como o “país que está em melhores condições para cumprir os seus objetivos climáticos em 2030”. E, além disso, destacou o país no critério relacionado com o “realismo” de cada um dos planos: “Somos mesmo um país com provas dadas. Há tudo para cumprir”, afirma.
Em notas conclusivas, Matos Fernandes reforça que o compromisso de mudança é transversal, sendo para isso fundamental, “pôr a economia a crescer no futuro” com aquilo que são “os mecanismo do futuro e não os do passado”. E sendo Portugal um dos países mais agredidos pelas alterações climáticas, o ministro sublinha a importância de “sermos um exemplo na mitigação e na redução da emissões” para, assim, “exigirmos a solidariedade de todos os países” neste esforço coletivo.