Pela terceira vez a marcar presença no Portugal Smart Cities Summit, o município do Fundão olha para este evento como uma oportunidade: “As duas últimas edições foram muito importantes para conhecermos boas ideias, projetos e iniciativas que estão a ser feitas um pouco por todo o país”, diz à Ambiente Magazine, Ricardo Freitas, do município do Fundão.
O facto de, na edição passada, terem recebido o galardão de município mais “smart” do evento é algo que torna ainda mais relevante a presença no certame: “Apesar das dificuldades que vivemos, é importante estarmos cá para que o evento continue a ter a força, a dimensão e a pujança que estava a conseguir”, refere.
Sendo o Fundão um “território rural no interior de Portugal”, Ricardo Freitas refere que houve uma “conotação negativa associada” à localização do município, pelo que há seis anos está a ser desenvolvida uma “estratégia diferente” para “fomento de um ecossistema inovador, criação de emprego, atração de investimento e forte aposta no empreendedorismo”. De acordo com o representante, esta estratégia tem possibilitado a “criação de um ecossistema” que tem “proporcionado o desenvolvimento de novas ideias de negócio, soluções de atração de novos resistentes” e um “conjunto de novas práticas”, como questões ligadas à “capacitação de pessoas”, à “mobilidade para territórios de baixa densidade” e à “inteligência nos setores mais tradicionais”. Neste último, Ricardo Freitas dá como exemplo a “introdução de tecnologias na agricultura” que tem afirmado o Fundão como um “território e laboratório para soluções tecnológicas” para essa área, permitindo às “empresas testar e desenvolver soluções novas em ambiente real”.
Questionado sobre a posição de Portugal no que diz respeito às “smart cities”, Ricardo Freitas não tem dúvidas de que, “nos últimos anos, o país mudou bastante”, destacando que os “municípios têm desempenhado um papel-chave na aposta em “soluções mais viradas para os cidadãos” e “soluções adaptadas às especificidade de cada território”, até porque, “apesar de sermos um país pequeno, temos territórios muito diversos”. E só com “soluções desenvolvidas localmente é que é possível ir de encontro às expectativas das pessoas”.
“Estamos a dar a resposta possível”
Relativamente às verbas ou apoios vindouros de políticas ambientais, o representante defende que “não podemos ficar agarrados, presos e reféns da falta de ajudas” por parte dos líderes políticos, acreditando que “devemos ter capacidade e arrojo de pensar em soluções adequadas às expectativas das pessoas” e “desenvolver com elas critérios de sustentabilidade e otimização de recursos”. O Fundão é um bom exemplo disso: “As coisas que estamos a fazer não representam grande investimento em termos de recursos públicos”, declara, acrescentando que, “muitas vezes, são questões que fazemos com interligação entre entidades, trabalho de parceria e de auscultação a pessoas” que dão lugar a essas iniciativas.
No que diz respeito à pandemia da Covid-19, Ricardo Freitas refere que “novos desafios” e “contornos diferentes” são agora uma realidade que “exige maior rigor e cautela” nos passos que se dão. No entanto, defende que devam ser “criadas soluções”, que envolvam “empresas tecnológicas, entidades ligadas à saúde, proteção civil e ao setor social” que “tranquilizem as pessoas e lhes permitem ter acesso à informação em tempo oportuno”. E nessas matérias, “estamos a dar a resposta possível”, remata.
O Portugal Smart Cities Summit começou no passado dia 22 de fevereiro e termina esta quinta-feira. Este ano, o evento decorreu no Centro de Congressos de Lisboa e teve uma forte componente tecnológica onde foi possível receber muitos participantes através da plataforma exclusiva.