Portugal no top 10 normalizado de países mais atrativos para investimento em energias renováveis
Na mais recente edição do Renewable Energy Country Attractiveness Index (RECAI), ranking semestral elaborado pela EY que classifica os 40 principais mercados do mundo em função das oportunidades de investimento e de desenvolvimento no setor das energias renováveis, Portugal está no 22º. lugar na lista dos países mais atrativos para o investimento neste setor, mas em 7.º lugar no ranking RECAI normalizado.
As últimas conclusões deste índice posicionam Portugal no Índice Normalizado (Normalized Index) – classificação que normaliza o PIB, mostrando assim que mercados têm um desempenho acima das expectativas face à dimensão do seu PIB, à frente de países como Espanha, França, Alemanha e Reino Unido.
“Portugal tem-se destacado não só pelos objetivos ambiciosos representados no Plano Nacional Energia e Clima (PNEC), mas também pela capacidade de implementação de que o recente recorde de 6 dias seguidos onde a geração de fontes renovável foi superior às necessidades de consumo de todo o país, é um excelente exemplo”, afirma José Roque, Partner, Consulting Energy Lead EY.
O novo objetivo fixado pelo governo português, de produzir 85% de eletricidade com fontes de energias renováveis em 2030, justifica a subida de três lugares no ranking e constitui um enorme crescimento da capacidade prevista nos setores solar, eólico e de hidrogénio verde, reduzindo assim a dependência do gás natural no país.
A energia eólica é crucial para atingir os objetivos Net Zero, mas o último ano apresentou um cenário desafiante com desafios nas cadeias de fornecimento e pela subida dos custos das matérias-primas, que aumentaram 39% desde 2019. A próxima década poderá ver a inflação dos custos aumentar em 280 mil milhões de dólares as despesas de capital para o setor. Neste contexto, prevê-se que cerca de 80% dos 15 mercados com objetivos eólicos offshore para 2030 não atinjam as metas estabelecidas.
Este último RECAI revela que o Reino Unido, que deixou de ser o melhor mercado para projetos eólicos offshore, desceu também no ranking RECAI, baixando três lugares para a 7.º posição geral. Em setembro de 2023, o preço máximo de 44 libras (50 euros) por megawatt/hora para a energia eólica offshore na quinta ronda de atribuição do Reino Unido (AR5), não foi suficiente para atrair os investidores a apresentar propostas. Este resultado representa um enorme retrocesso no objetivo do país de atingir 50 GW de capacidade offshore até 2030.
Os EUA asseguram a 1.ª posição impulsionados pelo crescimento significativo do setor solar, em resultado dos incentivos da Lei de Redução da Inflação. A Alemanha continua na 2.ª posição, tendo registado um crescimento substancial no seu setor eólico onshore. A China mantém o 3.º lugar, apesar da suspensão dos subsídios a nível nacional, continua a sua trajetória ascendente na energia eólica offshore.
Destaque para os países nórdicos que continuam a afirmar as suas intenções em matéria de energias renováveis com Dinamarca, Suécia e Noruega a subirem dois, três e cinco lugares, respetivamente. A Polónia, que subiu dois lugares para o 15.º, iniciará a construção do seu primeiro projeto eólico offshore, que deverá entrar em funcionamento em 2026, e introduziu também nova legislação para facilitar o desenvolvimento de projetos eólicos e solares.
Já as Filipinas, na 32.ª posição, estão a tentar desbloquear o seu enorme potencial solar, com reformas das leis relativas à propriedade estrangeira para estimular o crescimento da energia solar comercial e industrial.
Em sentido contrário, o Japão desceu três lugares para a 13.ª posição. Não obstante a abundância de recursos naturais e do compromisso de reduzir os combustíveis fósseis, o país ficou atrás de outras economias líderes em termos de implementação de energia solar e eólica. Igualmente, em sentido negativo, o Chile desceu duas posições, para o 16.º lugar.