Portugal foi o terceiro país da UE que vendeu menos produtos fitofarmacêuticos em 2019
“Um conjunto de 18 Estados-membros, onde se inclui Portugal, forneceram dados não confidenciais para todos os principais grupos de fitofarmacêuticos, relativos aos anos de 2011 a 2019, onde se observa que se em 2011 se venderam, nestes estados-membros, 346.149 toneladas de substâncias ativas de fitofarmacêuticos e, em 2019, venderam-se 310.739 toneladas, verificando-se, portanto, uma redução de 10,2% em vendas destas soluções em oito anos”. Esta é uma das conclusões do dados referentes à venda de produtos fitofarmacêuticos na União Europeia em 2019, publicados pelo Eurostat, aos quais a Anipla (Associação Nacional da Indústria para a Proteção das Plantas,) partilhou em comunicado.
Estes dados não constituem uma surpresa para a Anipla, lembrando que no último Relatório do Estado do Ambiente se observava que em Portugal, “entre 2007 e 2017, por exemplo, a venda de produtos fitofarmacêuticos por unidade de Superfície Agrícola Utilizada registou uma diminuição de 49%, sem ainda assim comprometer a quantidade, qualidade ou preço dos alimentos” Adicionalmente, à comprovada diminuição percentual da quantidade de produtos verifica-se também uma “diminuição do indicador de risco associado ao uso dos produtos fitofarmacêuticos – Trends in Harmonised Risk Indicators for the European Union | Food Safety”, precisa a associação.
Os Estados-membros incluídos no último relatório do Eurostat representam “93% do total das vendas de produtos fitofarmacêuticos da União Europeia em 2019”, sendo por isso de realçar que de entre os 18, Portugal foi o “terceiro país onde se verificou a maior redução de vendas”, refere a Anipla.
Para a associação, estes dados são “reveladores da estratégia” implementada pela indústria desde há muitos anos: “Congratulamo-nos com as metas que estão a ser alcançadas, dando-nos ainda mais motivação para continuarmos a desenvolver e adotar práticas que vão de encontro às expectativas Económicas, Sociais e Ambientais”.
Segundo a Anipla, estes dados revelam efetivamente que a mudança na agricultura nacional, para uma agricultura mais moderna, tem levado a uma maior racionalização dos fatores de produção: “A formação dos agricultores na correta utilização dos produtos fitofarmacêuticos, usando apenas o necessário, tem percorrido, de forma natural, o caminho que nos levará à meta de redução de 50% dos produtos fitofarmacêuticos em 2030, quase alcançada por Portugal em 2020 (43%)”. E tudo isto sem pôr em causa a produção nacional, que “apesar das limitações impostas pela situação pandémica, nunca parou”, sublinha. De acordo com os dados do INE, “as exportações de produtos agrícolas, no período de janeiro a outubro de 2020, registaram um aumento de 6,2% face ao período homólogo, enquanto as exportações totais de bens decresceram 11,5%”, destaca a associação.
Por isso, a Anipla defende que falar de agricultura sustentável é ter a capacidade de olhar para o todo e não só para a parte: “Não se pode falar de biodiversidade por via da redução de utilização de produtos fitofarmacêuticos, sem entender a agricultura como um promotor desse mesmo desígnio”. É necessário “otimizar ferramentas, incentivar e apoiar os agricultores, apostar na formação e no desenvolvimento de alternativas que protegem e promovem a biodiversidade, e para tal a inovação tem de ser uma parte essencial da solução”, defende. Além disso, “preservar não pode nem deve ser sinónimo de eliminar aquilo que nos ajuda a defender e salvar culturas, particularmente quando assistimos a uma crescente gravidade de novas pragas, doenças e infestantes que ameaçam a agricultura portuguesa e a própria saúde pública, muitas delas resultantes da mudança climática e da globalização”, alerta a associação. Apesar de reconhecer que “há lugar para melhoria e desenvolvimento”, a Anipla reforça a importância de se reconhecer o “excelente percurso que a agricultura portuguesa tem feito ao longo destes últimos anos, anos difíceis do ponto de vista económico e social e onde a agricultura tem demonstrado ser um pilar de recuperação e coesão nacional”.