O Presidente da República afirmou ontem, nas Nações Unidas, em Nova Iorque, que Portugal foi o primeiro país a comprometer-se a ser neutro em carbono até 2050 e pediu urgência no combate global às alterações climáticas. “Já se perdeu demasiado tempo. A complacência e a indiferença já não são toleráveis”, considerou.
Marcelo Rebelo de Sousa falava na Cimeira da Ação Climática, convocada pelo secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, para que sejam apresentados pelos participantes planos concretos para cumprir os objetivos estabelecidos no Acordo de Paris.
“Nós fomos os primeiros a comprometer-nos a ser neutros em carbono até 2050, adotando e implementando o Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2050 como estratégia de longo prazo para a redução das emissões de gases com efeito de estufa, que apresentámos com um ano de avanço”, afirmou, perante dezenas de líderes mundiais. “E por uma simples razão: porque não há Portugal B, e não há planeta B”, acrescentou.
Na sua curta intervenção, Marcelo Rebelo de Sousa apresentou de forma sintética o Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2050 que foi aprovado em Conselho de Ministros na sua versão final em junho deste ano, depois de um período de discussão pública.
O Presidente da República referiu que a neutralidade carbónica até 2050 será alcançada “através da total descarbonização do sistema eletroprodutor e da mobilidade urbana e através do reforço da capacidade de sequestro de carbono pelas florestas e por outros usos do solo”.
“A próxima década é crítica. Por isso, reforçámos a nossa ambição para 2030 com o objetivo de reduzir as emissões de gases com efeito de estufa em 50% em comparação com 2005, atingir uma meta de eficiência energética de 35%, e ter 80% da eletricidade gerada por fontes de energia renovável, incluindo uma total eliminação do carvão”, salientou.
O Presidente da República referiu ainda que Portugal já alcançou 54% de energias renováveis na produção elétrica, impôs uma taxa de carbono, começou a eliminar os subsídios aos combustíveis fósseis, e está a reparar a degradação dos ecossistemas marinhos.
“O nosso objetivo é a neutralidade carbónica até 2050, envolvendo a sociedade civil, o setor privado, preservando os habitats naturais e a biodiversidade e criando emprego”, resumiu.