“Portugal está a fazer muito e do melhor que se faz no mundo”
Como está Portugal no que diz respeito à economia circular?
A economia circular é uma estratégia europeia porque a Europa não tem recursos naturais para aquilo que é o seu padrão de vida. Para garantir a qualidade de vida às gerações futuras temos de utilizar melhor os materiais.
Nós já passámos pelo ciclo em que nos queríamos ver livres do lixo, depois passámos a valorizar o lixo, a reciclar, e agora temos é de pensar que tudo aquilo de que nos queremos descartar tem matérias-primas e novos materiais ou subprodutos que podem ser incorporados numa segunda vida, com a mesma finalidade ou diferente. Esse é um quadro de mudança estrutural e conceptual.
Mas isso também já se fez em sociedades anteriores. Nós éramos muito mais cuidadosos com os materiais antes ainda da Revolução Industrial. As pessoas eram reutilizadores e davam muito mais segundas vidas às coisas. São esse tipo de abordagens que se calhar vamos voltar a ter. Criar outros empregos, novas visões e maneiras de comercializar, ou seja, é a nossa sociedade que vai ter de mudar.
Eu diria que, felizmente Portugal está a fazer muito e do melhor que se faz no mundo. Talvez pela circunstância da estratégia europeia para a economia circular ter saído mais ao menos com o Acordo de Paris e com a entrada em funções deste Governo. Desde a primeira hora captámos essa ideia e fomos dos primeiros países a fazer uma conferência sobre economia circular, promovida pelo próprio Ministério.
Na área dos resíduos, muitos daqueles que são resíduos hoje vão ter de ser desclassificados e reclassificados como subproduto. Isso vai lançar o desafio de, por um lado, estarmos a ir ao encontro daquilo que é a economia circular, por outro, estarmos a perder o controlo da fiscalização. São desafios novos para a sociedade.
Esta é a 3ª Parte da Grande Entrevista publicada na Edição 77 da Ambiente Magazine.