A ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável divulga, hoje, um estudo sobre sobre o índice europeu de pobreza energética ao nível doméstico, o primeiro estudo do género à escala europeia, elaborado pela consultora Open Exp, especializada na transição energética para a Coligação Europeia pelo Direito à Energia.
O estudo revela que a maioria dos países da União Europeia (UE) — sobretudo os países do Sul e Leste Europeu — apresenta níveis elevados de pobreza energética, sobretudo em agregados familiares de baixos rendimentos, em que as famílias não conseguem manter quentes as suas habitações durante o inverno. Portugal é o quarto país mais pobre em termos energéticos.
O estudo baseia-se num índice composto por quatro indicadores: peso elevado das faturas energéticas no orçamento doméstico, incapacidade para manter as habitações quentes durante o inverno, incapacidade para manter as habitações frescas durante o verão e habitações com níveis elevados de humidade e com fugas nas coberturas.
Para cada indicador, os dados são obtidos a partir do Eurostat e permitem uma comparação entre os diferentes países sobre as condições que contribuem para a pobreza energética, levando em conta as suas causas e sintomas. Esta abordagem única permite medir, à escala europeia, as condições de pobreza energética com a aplicação da nova legislação na área da energia.
Os países foram classificados por níveis de pobreza energética: extremo, muito alto, alto ou moderadamente alto. No nível mais extremo de pobreza energética, a Bulgária tem a maior prevalência dos quatro indicadores que compõem o índice: habitações com níveis elevados de humidade e fugas, custos elevados com a fatura energética, incapacidade para manter a casa quente no inverno e fresca no verão. Portugal situa-se no 4.º lugar entre os piores classificados, com um nível “muito alto” de pobreza energética. Por outro lado, países como a Suécia e a Finlândia apresentam a melhor classificação, com o nível mais baixo de pobreza energética.
Em Portugal
Portugal apresenta-se como dos piores países europeus no que respeita à pobreza energética devido à combinação de fatores como baixos rendimentos, edifícios ineficientes sem isolamento e com janelas simples, utilização de equipamentos de climatização de baixa eficiência como lareiras e aquecedores elétricos individuais, baixo consumo de energia para aquecimento e arrefecimento devido aos custos elevados.
A ZERO conclui que: “A pobreza energética é um problema multidimensional, que afeta o nosso país, tanto nos meses de inverno como nos meses de verão. Como consequência, muitos portugueses têm dificuldade em manter o conforto térmico nas suas habitações, com impactos diretos na saúde.”
“A ZERO exige agora ao Governo a proposta de soluções, nomeadamente apoios simplificados para salvaguardar as pessoas em condições socioeconómicas mais vulneráveis”, acrescenta a associação.