Os governos português e marroquino estão a concluir os estudos para iniciar durante o primeiro semestre de 2018 a construção de um cabo de interligação elétrica entre os dois países, que terá uma extensão de 220 quilómetros. Fonte do executivo português disse à agência Lusa que a questão das interconexões energéticas será um dos principais temas em cima da mesa na 13ª Cimeira Luso-Marroquina, que começa esta segunda-feira em Rabat e cuja delegação portuguesa será liderada pelo primeiro-ministro, António Costa, integrando, também, o secretário de Estado da Energia, Jorge Seguro Sanches.
Este projeto de investimento para a construção do cabo de interligação elétrica está avaliado entre 500 e 700 milhões de euros, tendo como modelo técnico e financeiro o esquema de operação usado na ligação edificada entre a Holanda e o Reino Unido, que custou cerca de 600 milhões de euros.
“Vários consórcios manifestaram já interesse neste projeto, que terá um modelo de financiamento baseado no pagamento de uma taxa pela passagem de eletricidade de um lado para o outro. Portugal, que já exportou eletricidade no valor de 160 milhões de euros no ano passado, vai seguramente aumentar as suas vendas, mas poderá também importar a custos mais baixos em caso de necessidade”, referiu fonte do Governo português.
No plano técnico, o cabo de interligação elétrica permitirá a Portugal vender energia a Marrocos em alguns momentos de um determinado dia e, eventualmente, comprar em outras alturas desse mesmo dia. O transporte de energia far-se-á nos dois sentidos”, completou o mesmo responsável. De acordo com os estudos, que se encontram em fase de conclusão, o cabo deverá ligar a zona de Tavira, no Algarve, à cidade marroquina de Tânger.
Ao nível político, um dos principais passos para o arranque deste projeto deu-se com assinatura, no ano passado, no âmbito da cimeira do clima em Marraquexe (COP 2016), de um acordo denominado “Roteiro para a sustentabilidade elétrica entre Marrocos e mercado único europeu”. Além de Marrocos e Portugal, este acordo foi também subscrito pelos governos de Espanha, França e Alemanha, e nele se prevê “um planeamento para uma progressiva integração dos mercados energéticos” – um objetivo para o qual se considera fundamental “o reforço das interligações de energia entre a Península Ibérica e o resto da Europa, bem como a futura interligação entre Portugal e Marrocos”.
“Para Portugal, esta declaração conjunta configurou mais um avanço relevante na estratégia de desenvolvimento das infraestruturas de transporte transfronteiriças, que são consideradas fundamentais para garantir a política de promoção das energias renováveis e de segurança de abastecimento”, frisa o executivo de Lisboa.
Reflexo da importância atribuída por Portugal a este projeto de interconexão ao nível da eletricidade está o facto de o secretário de Estado da Energia, Jorge Seguro Sanches, desde o início do seu mandato, ter estado já por quatro vezes em Marrocos. “Há uma grande intensidade em relação aos planos dos dois países na área da energia. Ao nível institucional e empresarial, Portugal tem estado sempre presente nas feiras de energia realizadas em Marrocos”, acrescentou o membro responsável do Governo português.