O ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, disse hoje, em Paris, que Portugal está a assumir um papel de “front runner”, ou seja, na linha da frente na luta contra as alterações climáticas. O governante, que está a participar na cimeira de chefes de Estado e de governo “One Planet Summit”, na capital francesa, lembrou que Portugal se comprometeu, no ano passado, em ser neutro em carbono em 2050.
“Portugal, no contexto da União Europeia certamente, está aqui a assumir um papel de ‘front runner’, alguém que corre à frente, ao dizer que em 2050 vamos ser neutros do ponto de vista das emissões de gases carbónicos”, declarou, acrescentando que Portugal o afirmou “antes de quase todos”.
João Matos Fernandes disse que “Portugal é um país que sofre bastante – já hoje – das alterações climáticas” e que o país tem “muito boas experiências para contar”, apontando, nomeadamente, um filme apresentado na ‘One Planet Summit’ sobre o que a cidade de Lisboa tem feito para combater as alterações climáticas, explica a agência Lusa.
O ministro enumerou, ainda, que Portugal “é um dos países que tem uma maior quota de energia elétrica produzida a partir de energias renováveis”, que está “a investir cerca de 200 milhões de euros para reforçar a resiliência do litoral” e que “as frotas das empresas de transportes coletivos de Lisboa e do Porto estão a ser substituídas – mais ou menos metade – para autocarros de elevadíssima performance ambiental”.
O ministro lembrou, também, que as novas contribuições nacionais na luta contra as emissões de gases com efeito de estufa vão ser apresentadas em 2020, porque “o somatório dos resultados de Paris” não chega para conseguir que as temperaturas não aumentem mais de dois graus em relação aos valores pré-industriais, uma das metas do Cimeira do Clima de Paris de 2015 (COP 21).
“Paris é um acordo fantástico, um acordo multilateral, um acordo em que cada país deu o seu melhor, mas se nós somarmos o compromisso de todos não chegamos aos 1,5, máximo 2 graus”, afirmou. No entanto, João Matos Fernandes disse acreditar que em 2020 já deverá haver bons resultados. “Quero acreditar que da maneira como estamos a andar depressa, muito mais depressa se calhar do que aquilo que a opinião pública imagina, eu acredito que o somatório das contribuições de 2020 já nos vai pôr onde queremos”, continuou.
O responsável pela pasta do Ambiente acrescentou que “o que Portugal tem aqui a fazer não é receber nada, é dar”, no sentido de “reforçar o seu compromisso com as políticas de baixo carbono” e destacou que a ‘One Plannet Summit’ constitui “sobretudo uma expectativa para o planeta”.
João Matos Fernandes declarou, ainda, que “a conferência está a correr, de facto, muitíssimo bem”, nomeadamente, graças à participação de empresas e líderes de organizações mundiais que podem contribuir para “enterrar a dicotomia de sustentabilidade e crescimento económico”. “Nós temos aqui grandes empresas, grandes líderes de organizações mundiais que estão a ter uma contribuição notável no sentido de afirmar o fim absoluto de investimentos no carvão, de afirmar que é mesmo necessário multiplicar por três ou quatro o que é hoje o preço do carbono para termos uma economia hipocarbónica”, afirmou.
O governante considerou, também, que “o mundo está unido para ultrapassar as alterações climáticas, apesar da “poderosíssima e grande divergência que é a da administração dos Estados Unidos da América”. “Não deixo de reter – e os números são dele – os números do senhor John Kerry quando diz que 80% do povo americano está fortemente comprometido com Paris”, concluiu.
A ‘One Planet Summit’ é uma iniciativa do presidente francês, Emmanuel Macron, para assinalar os dois anos do Acordo de Paris sobre redução de emissões e junta mais de 50 chefes de Estado e de governo, como o primeiro-ministro português, mas também o secretário-geral da ONU, António Guterres, e o presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim.
Estão ainda presentes, por exemplo, o ator Sean Penn, multimilionário Bill Gates e o ex-governador do estado da Califórnia Arnold Schwarzenegger. De fora, ficou Donald Trump que não foi convidado já que a cimeira foi marcada depois do anúncio do Presidente norte-americano para retirar os Estados Unidos do Acordo do Clima alcançado na COP21, em Paris, em 2015.