“Portugal e Espanha podem e devem ser os líderes na transição energética”. A declaração é de Carlos Moedas, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, que falou esta quarta-feira, 5 de julho, no Fórum Luso-Espanhol: “O espaço ibérico conectado para acelerar a descarbonização”, organizado pela Fundação Repsol, em parceria com a Fundação Corell e a Confederação Empresarial de Portugal (CIP).
O autarca deixou bem claro o compromisso da capital de Portugal na transição energética: “Hoje, 10 cidades na Península foram escolhidas, entre elas Lisboa e Madrid, para liderar a transição energética na Europa e atingir a neutralidade carbónica até 2030. Contem com Lisboa para liderar esta mudança”.
Quem também reiterou o compromisso espanhol foi Antonio Brufau, presidente da Repsol, destacando que “a colaboração entre Espanha e Portugal e o seu compromisso com a transição energética e a descarbonização da economia têm sido notáveis, reforçando as suas políticas para trabalharem em conjunto e posicionarem-se como uma referência para uma transição energética sustentável e inclusiva”. Por isso, defendeu o empresário, é tão importante que “Espanha e Portugal aproveitem o impulso para a descarbonização e para uma mobilidade mais sustentável para reforçar o investimento em infraestruturas terrestres, tanto em rodovia como em ferrovia, e o necessário aprovisionamento e abastecimento energético, tanto de combustíveis convencionais e de gás, como de combustíveis renováveis, hidrogénio e eletricidade”.
Na primeira mesa redonda – “Conectividade logística e digital, catalisadora da transição energética” – analisou-se a oportunidade de crescimento industrial que a transição energética representa para a Península Ibérica. Neste cenário de crescimento industrial, os oradores parecem não ter dúvidas de que as infraestruturas e as ligações logísticas entre Espanha e Portugal com o resto da União Europeia, terão um papel essencial na competitividade da indústria de ambos os países a e na criação de oportunidades que devem ser destacadas. Nesta mesa redonda esteve o presidente de ANTRAM, Pedro Polonio; a diretora do Zaragoza Logistics Center, Susana Val; o presidente do Porto de Lisboa e Setúbal, Carlos Correia; o presidente da Associação Alianza Corredores.eu, Salvador Galve; o presidente do IMT (Instituto da Mobilidade e dos Transportes) João Manuel Henriques de Jesús; e o presidente da Confebus (Confederação Espanhola de Transporte Rodoviário), Rafael Barbadillo.
Já na segunda mesa redonda – “Desenvolvimento tecnológico e industrial para a transição energética na Península Ibérica” – os especialistas assinalaram as grandes possibilidades de Portugal e Espanha para se converterem numa nova potência energética europeia. De acordo com os oradores, prevê-se que esta região registe um forte crescimento na geração global de energia nos próximos anos, motivada pelo abastecimento fiável de gás, a expansão massiva das energias renováveis, o desenvolvimento dos corredores de hidrogénio e das tecnologias de combustíveis. Neste contexto, um espaço energético ibérico devidamente conectado potenciará o desenvolvimento industrial e de outros setores, defenderam. Vasco Amorim, vice-presidente da Associação Portuguesa para a Promoção de Hidrogénio (AP2H2); Marta Yugo, executiva de Políticas da Fuels Europe; Paz García Alajarín, diretora Energy Management & Thermal Generation na Repsol Renováveis; Antonio Louro, o diretor-geral da Mercedes Benz Trucks; e Pedro Furtado, diretor de Estudos e Regulação da Redes Energéticas Nacionais (REN), foram os oradores deste debate.
A sessão de encerramento ficou ao cargo de Duarte Cordeiro, ministro do Ambiente e Ação Climática de Portugal, Duarte Cordeiro, que relembrou o compromisso de Portugal em duplicar a sua capacidade instalada de produção de eletricidade a partir de fontes renováveis até 2030: “Queremos, por essa via, responder a essa procura que hoje já sentimos e que queremos confirmar. Portugal e Espanha podem realmente se posicionar, a partir daquilo que é a alta penetração de produção de eletricidade por fonte renovável, como países que, não só respondem às necessidades atuais e futuras da indústria que está instalada, naquilo que é a transferência do ponto de vista do modelo de mobilidade que existe, como também, responder com uma deslocalização de indústria verde para esta parte da nossa Europa, e nomeadamente para Portugal.”.
O encontro, que teve lugar em Lisboa, integra o Open Room, espaço digital da Fundação Repsol para promover o debate rigoroso em torno dos objetivos de transição energética.