O secretário de Estado Adjunto e do Ambiente, José Mendes, disse ontem à Lusa, em Paris, que Portugal continua no “pelotão da frente” na luta contra as alterações climáticas.
O governante participou num encontro da plataforma «2050 Pathways”, um conjunto de países que quer a neutralidade carbónica para 2050, no qual Portugal, França, Alemanha, Holanda, Suécia, Finlândia e Luxemburgo reiteraram a necessidade de estratégias nacionais de longa duração alinhadas com os objetivos do Acordo de Paris, alcançado na conferência do clima de 2015.
“É muito importante estar neste pelotão da frente. Portugal claramente está naquilo a que chamamos os ‘front runners’, sendo que nós nunca perdemos de perspetiva que a União Europeia é um conjunto de 28 países, que todos são importantes, mas precisamos de bons exemplos e ambição”, afirmou José Mendes à Lusa.
O secretário de Estado participou também numa mesa-redonda sobre as “estratégias de longa duração e ambição climática da União Europeia”, na qual destacou que Portugal, em março, foi capaz de produzir mais eletricidade a partir de fontes renováveis do que aquilo que era a procura de todo o país”, um aspeto que “foi muito elogiado” pelos outros países.
Na conferência, o governante defendeu “a necessidade de melhorar a eficiência energética e de incorporar uma maior percentagem de fontes renováveis na produção de energia elétrica”.
José Mendes também referiu “a importância de trabalhar com diferentes setores”, nomeadamente com o setor da indústria, e disse que “é preciso encontrar um ponto de compatibilização entre um obrigatório aumento da ambição da descarbonização do setor dos transportes e manter a competitividade do setor, sobretudo o europeu, que emprega muitas pessoas”.
A 28 de fevereiro, o secretário de Estado adjunto e do Ambiente foi eleito o primeiro presidente da Aliança para a Descarbonização dos Transportes (TDA, na sigla em inglês), que junta países, cidades e empresas, e teve Portugal como cofundador.
O governante explicou à Lusa que “há uma proposta da União Europeia sobre os veículos comerciais ligeiros para, entre 2021 e 2030 reduzir o nível de emissões médias das frotas produzidas pela indústria automóvel em 30%”, sendo que “alguns países europeus entendem que se pode ser ainda mais ambicioso” e que “o setor automóvel entende que o esforço é muito grande”.
“Aquilo que Portugal defende é que nós não devemos reduzir o nível de ambição. Agora, nós devemos ouvir a indústria automóvel, nomeadamente quando se fala de obrigatoriedade de objetivos de redução em 2025. Também estamos dispostos a analisar a proposta de separar os veículos ligeiros dos veículos comerciais ligeiros e também a dar uma maior valorização dos veículos híbridos”, explicou.
A TDA foi criada em Bona, em novembro de 2017, durante a conferência do clima das Nações Unidas, com o objetivo de atingir a neutralidade carbónica nos transportes antes de 2050.
Além do representante português, o encontro em Paris juntou os ministros do Ambiente da Holanda, Eric Wiebes, e Finlândia, Kimmo Tiilikainen, os secretários de Estado do Ambiente de França, Brune Poirson, da Suécia, Eva Svedling, e os conselheiros dos ministérios do Ambiente da Alemanha, Karsten Sach, e do Luxemburgo, André Weidenhaupt.
José Mendes explicou que a reunião serviu para “fazer subir a ambição dos objetivos de descarbonização”, que a redução das emissões “é uma questão que deve envolver as empresas e as cidades”, e relembrou que Portugal continua a preparar o roteiro para atingir a neutralidade carbónica em 2050.
No Acordo de Paris, em 2015, Portugal comprometeu-se a contribuir para limitar o aumento da temperatura média global do planeta a 2 graus e a fazer esforços para que esta não ultrapasse os 1,5 graus.