Portugal vai levar ao 8.º Fórum Mundial da Água, em março de 2018 no Brasil, a “mais forte participação de sempre”, envolvendo praticamente todas as entidades ligadas ao setor da água, noticia a agência Lusa.
A garantia foi hoje dada à Lusa pelo Comissário de Portugal ao Fórum, Jaime Melo Baptista, no dia em que apresenta o projeto “Portugal rumo a Brasília 208” em Évora, no decorrer de um Encontro Nacional de Entidades Gestoras de Água e Saneamento que se realiza na cidade alentejana até sexta-feira.
O Fórum Mundial da Água, organizado pelo Conselho Mundial da Água, realiza-se pela primeira vez num país de língua portuguesa e envolve mais de 30 mil pessoas para discutir todas as questões ligadas à água, quer sejam técnicas, políticas ou sociais.
E dele espera-se, segundo o comissário, que a água “passe a interiorizar-se nas preocupações de todos os cidadãos”, porque se vão discutir das alterações climáticas aos problemas básicos de acesso à água, porque mais do que “algo que sai da torneira” vai discutir-se um recurso que é preciso “gerir bem, manter e conservar”.
Por decisão do Governo, Portugal “optou por dar prioridade à intervenção neste fórum”, estando desde o início do ano uma equipa a trabalhar “para colocar Portugal presente e ativo em todas as frentes do Fórum”, explicou o responsável à Lusa.
Assim, adiantou Melo Baptista, Portugal estará presente na parte política, onde os ministros da Água de todo o mundo vão discutir a questão da água e fazer uma declaração. Mas estará também presente a nível parlamentar, estando a Assembleia da República (Comissão de Ambiente) “fortemente empenhada”, tendo já havido uma reunião e prevendo-se outra juntando deputados portugueses e brasileiros. E ainda uma “presença muito forte” de autarcas, e de juízes, que pela primeira vez vão debater no Fórum a justiça e a água.
Jaime Melo Baptista explicou que em Brasília se debaterão nove grandes temas ligados à água, que serão desdobrados em cerca de 40 tópicos, cada um com várias sessões, que fará com que se realizem mais de 100 sessões sobre temas tão diversos como as alterações climáticas, água e saneamento, governação, desenvolvimento, cidades, financiamento, capacitação e partilha.
“Portugal aqui também tem uma intervenção forte e há, embora ainda não esteja decidido, cerca de 100 manifestações de interesse de intervenções portuguesas”, disse o engenheiro, investigador-coordenador do Laboratório Nacional de Engenharia Civil.
Portugal, lembrou, foi escolhido para liderar o processo da região Europa, quando no Fórum forem debatidas as regiões. “Portugal está a preparar, em conjunto com os outros 51 países europeus, um relatório sobre a água e a Europa, que será apresentado no Fórum com a participação de muitos especialistas de países europeus”, e vai responsabilizar-se pela organização das “sessões Europa” (discussão da água na Europa) e das sessões da Europa com outras regiões.
A “prestação muito forte” portuguesa, acontece num momento “especialmente importante para as questões da água”, que entrou no novo conjunto de Objetivos de Desenvolvimento Sustentável aprovado em 2015 (“Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todos”), o que acontece pela primeira vez. E a água foi declarada há poucos anos (sete) como um direito humano (o acesso a água potável).
Há 25 anos, disse, metade da água das torneiras em Portugal não era segura, hoje mais de 99% é considerada segura. “Praticamente desapareceram as doenças por via hídrica, com o peso que isso tem na sociedade”.