Em matérias de recolha e tratamento de resíduos de equipamentos eléctricos e electrónicos (REEE), a ERP Portugal disse ao Jornal Económico que o Governo, embora esteja a fazer esforços no sentido de alterar e clarificar algumas situações a nível legislativo, não está a ter capacidade para reponder à tarefa que, todos os anos, aumenta o nível de dificuldade.
Foi há quase um ano que o próprio Ministério do Ambiente e da Ação Climática (MAAC) admitiu que Portugal iria falhar as metas estabelecidas pela União Europeia (UE), que estabeleciam a recolha de 65% desses componentes perigosos para a saúde e para o ambiente. Para atingir esse valor, o país precisaria de ter recolhido 103 mil toneladas de REEE, pode ler-se no mesmo jornal.
Segundo as contas da Associação ZERO, Portugal não deve ter reciclado mais do que 48 mil toneladas de REEE em 2019, um valor que contraria a estimativa do Governo (70 mil toneladas) e que significa que o país só reciclou 30% do total destes resíduos.
Ao Jornal Económico, a diretora da ERP Portugal, Rosa Monforte, relembra que, até 2018, Portugal sempre cumpriu as metas definidas. Mas quando estas subiram de 45% para 65% tornaram-se evidentes as dificuldades existentes no processo de recolha e tratamento destes maternais. “Apesar dos esforços realizados, sabemos que há partes da cadeia que não estão a funcionar em pleno e que no caso concreto desta tipologia de resíduos, onde os equipamentos podem ter componentes altamente valorizáveis, o desvio para mercados paralelos é infelizmente uma realidade”, considera.
A responsável confessa ao mesmo jornal, sentir que “há ainda algum desconhecimento” por parte das entidades responsáveis quanto ao correto encaminhamento destes materais “apesar de terem, no geral, componentes mais nocivos par ao meio ambiente do que outro tipo de resíduos”.
Para este ano, as perspetivas da ERP Portugal quanto à reciclagem e tratamento dos REEE não são animadoras. Ao Jornal Económico, a diretora-geral da entidade sublinha que deve haver um “maior controlo das autoridades para que os desvios da cadeia sejam minimizados e se possa garantir a correta descontaminação e reciclagem destes equipamentos”.
De acordo com Rosa Monforte, “as metas impostas pela UE são muito ambiciosas e para as atingirmos temos de realizar um esforço conjunto, onde cada um de nós tem de ter consciência que é responsável pelo primeiro passo para que a reciclagem possa ocorrer entregando os seu equipamentos no local correto”.