Porto dá a conhecer práticas de circularidade em encontro de parceiros do CityLoops
A Porto Ambiente é anfitriã de mais de duas dezenas de parceiros do projeto CityLoops, que estão a realizar uma visita de estudo ao Porto para conhecer as boas práticas da cidade em matérias de sustentabilidade e circularidade.
Na sessão de boas-vindas aos participantes, na manhã desta terça-feira, nas instalações da empresa municipal, o vice-presidente da Câmara do Porto, Filipe Araújo, partilhou algum do trabalho feito pelo município desde que foi elaborada, no final de 2017, a primeira versão do Roadmap para a cidade do Porto circular em 2030.
A abordagem centrou-se em dois eixos: “Queremos promover a produção e consumo sustentáveis, e também criar novas soluções para transformar os resíduos em recursos”, sublinhou Filipe Araújo, assinalando o facto de a sessão decorrer num edifício cuja requalificação obedeceu a cuidados ao nível ambiental e da eficiência, num trabalho reconhecido internacionalmente com a norma LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), ferramenta de certificação em construção sustentável.
“A candidatura ao CityLoops foi uma oportunidade para aplicarmos ideias e construirmos um Porto circular”, congratulou-se o responsável pelo pelouro do Ambiente e Transição Climática. “No sentido de promover a resiliência do sistema alimentar, temos vindo a implementar várias medidas”, acrescentou Filipe Araújo, referindo projetos como o Orgânico, recentemente alargado a mais 12 mil famílias, que o município pretende fazer chegar a praticamente toda a cidade até ao final de 2023.
“Mais de 500 famílias utilizam as hortas urbanas que temos na cidade, e temos compostagem local em cada horta urbana. Calculamos produzir 300 quilos de composto por horta urbana por ano”, assinalou o vice-presidente da Câmara do Porto, lembrando igualmente que foram instaladas duas ilhas de compostagem comunitária (uma junto ao Parque Infantil do Amial, e outra na Praça do Cávado, em Paranhos) para “envolver a população num objetivo comum.”
Os resíduos recolhidos são encaminhados para valorização, transformando-se num composto orgânico (Nutrimais) que serve de fertilizante natural para vários fins, com destaque para a agricultura biológica. “A utilização do composto nos espaços verdes permite-nos fechar o círculo”, acrescentou Filipe Araújo.
“Temos vindo a promover o acesso a alimentos frescos e saudáveis, e nesse âmbito acabámos de renovar o Mercado do Bolhão. Há uma feira de produtos de agricultura biológica que acontece semanalmente no Parque da Cidade e lançámos o projeto Good Food Hubs, que tem como objetivo estimular uma alimentação saudável, sustentável e local no Porto”, declarou o vereador.
No âmbito do combate ao desperdício alimentar, o Município do Porto desenvolve projetos como o Embrulha ou o Dose Certa, por exemplo. “Temos uma rede de restaurantes solidários para pessoas sem-abrigo que serve cerca de 560 refeições diárias”, indicou Filipe Araújo, lembrando ainda o lançamento do concurso FoodLoop, que incentiva o desenvolvimento de ideias para prevenir o desperdício de alimentos e redução dos resíduos orgânicos.
“Estamos muito gratos pelo apoio do CityLoops. Foi o primeiro passo para muitas das medidas que temos vindo a aplicar. Estamos muito satisfeitos com o projeto”, disse o vice-presidente da Câmara do Porto.
O projeto CityLoops, liderado pelo ICLEI – Local Governments for Sustainability, financiado no âmbito do Horizonte 2020, assenta na colaboração entre um conjunto de parceiros para a implementação de ações destinadas a promover os modelos de circularidade. De acordo com a Porto Ambiente, a cidade do Porto integra o lote de sete cidades europeias piloto do CityLoops, numa participação que tem como tema os “resíduos orgânicos”, nomeadamente a “prevenção da sua produção e a promoção da recolha seletiva no setor residencial, no setor do turismo e em instituições de cariz social”.
O encontro dos parceiros do CityLoops decorre no Porto até quarta-feira, dia 9 de novembro. Participam mais de 20 elementos dos diversos parceiros (ICLEI, Sevilha, Apeldoorn, Mikkeli, Espoo, Vallès Occidental, Murcia, Praga, Torres Vedras, Ghent, entre outros), num programa que prevê atividades no auditório da Porto Ambiente, bem como deslocações à recolha seletiva de orgânicos de proximidade ou às ilhas de compostagem.