O setor dos veículos elétricos poderá beneficiar do escândalo VW. Esta tendência foi identificada pelo presidente da petrolífera Partex apenas duas semanas depois da polémica ter disparado. “Todos os fabricantes automóveis vão procurar alternativas ao gasóleo, esta é uma das lições do escândalo”, afirmou António Costa Silva, sublinhando que a eletricidade é “uma das alternativas reais ao petróleo”, noticia o Jornal de Negócios.
Seis anos depois de terem sido inaugurados os primeiros pontos de carregamento do Mobi.E, o Governo acredita que existem condições em Portugal para criar um “cluster” do carro elétrico e dá exemplos do que tem vindo a ser feito nos últimos anos. “Portugal chegou a ter dias deste ano com 100% de eletricidade renovável, sem qualquer tipo de dificuldade nas nossas casas ou empresas. Ninguém sentiu qualquer tipo de volatilidade ou de interrupção na rede. E, isso conseguiu-se, com tecnologia e com engenharia portuguesa”, disse Jorge Moreira da Silva, ministro do Ambiente, numa visita ao salão automóvel em Lisboa.
A Associação Portuguesa de Veículos Elétricos (APVE) também indica que há trabalho a ser feito no terreno. “Portugal é já um produtor e um exportador de tecnologia e serviços para a mobilidade elétrica”, começa por explicar o presidente da APVE, Jorge Vasconcelos. “E há vários anos que também é exportador de equipamentos e serviços para o combustível que alimenta os veículos elétricos – a eletricidade verde”, acrescenta.
Portugal poderia já estar ao volante da mobilidade elétrica mas perdeu algum tempo. “Infelizmente as políticas de ‘pára-arranca’ que temos vivido na última década não só não ajudam a indústria, como prejudicam, injustamente, a sua imagem internacional”, lamenta Vasconcelos. Contudo, apesar deste “atraso”, já vários projetos estão a fazer o seu percurso, colocando o país no “bom caminho”.
A Efacec é uma destas empresas, com “uma aposta industrial muito significativa na área dos sistemas de carregamento rápidos de veículos elétricos, virada para a exportação e com uma forte afirmação lá fora”, destaca o professor do INESC, João Peças Lopes.
As próprias universidades estão também a desenvolver esforços na área. É o caso do Instituto Politécnico de Setúbal em parceria com a Autoeuropa, responsável por 1% da criação de riqueza no país, todos os anos.
Também o setor automóvel nacional está em movimento. As empresas da área, através da Associação Automóvel de Portugal (ACAP) , uniram-se para criar um “cluster” automóvel. O mesmo terá 40 milhões de euros para investir, não esquecendo projetos na área da mobilidade elétrica.
Exposto isto, o momento parece propício para o país se tornar num ator global da mobilidade elétrica, dá conta, ainda, o Negócios.