Dentro do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), a Gestão Hídrica é a nona componente do pacote Resiliência. O objetivo do Ministério do Ambiente e da Ação Climática (MAAC) é “mitigar a escassez hídrica” e “assegurar resiliência dos territórios do Algarve, Alentejo e Madeira”.
Foi precisamente os investimentos que se enquadram no Plano Regional de Eficiência Hídrica do Algarve (PREH Algarve) o tema de mais uma sessão realizada no âmbito do PRR. João Pedro Matos Fernandes presidiu ao evento, acabando por frisar que o investimento do PREH Algarve totaliza os 200 milhões de euros, em que perto de um terço do valor (65 milhões) se destinará à “dessalinização de água do mar”. A melhoria da captação de água na barragem de Odeleite e a sua ligação ao Pomarão também são contemplados no plano com 55 milhões de euros. Os restantes 80 milhões de euros serão utilizados na redução de perdas de água na rede urbana (35 milhões), na promoção para utilização das águas residuais tratadas (23 milhões), no aumento da eficiência e na redução de perdas no setor da agricultura (17 milhões) e na governança de recursos (5 milhões).
O ministro destacou os projetos de “captação no Pomarão” e da “dessalinização de água do mar” como sendo um “seguro” para garantir que não haverá menos água na região num futuro próximo. Contudo, para garantir o funcionamento destes projetos, Matos Fernandes afirma que o valor da água na região algarvia vai aumentar mas assegura: “O aumento nunca será significativo”. Além disso,“este sobrecusto não se aplica apenas aos consumidores domésticos”, acrescentando que “os setores da agricultura e do golfe vão ser chamados a comparticipar”.
Ao longo da sua intervenção, Matos Fernandes destacou a hipótese da dessalinização ser introduzida noutras regiões do país. “Mas, onde ela é mais premente e faz mais sentido é no Algarve”, sustenta. E, sendo “financiada a 100%”, é uma “oportunidade” que deve ser aproveitada, reforça o ministro, assegurando que haverá um “estudo de impacte ambiental”, de forma a que todos os possíveis intervenientes sejam avaliados.
Ainda sobre estes dois projetos, Matos Fernandes refere que o projeto do Pomarão é um “seguro” que é para ser apenas “utilizado quando necessário”, não tendo que estar sempre a funcionar, algo que não acontece com a dessalinização que tem de estar sempre em funcionamento, embora com diferentes quantidades.
João Pedro Matos Fernandes quis destacar a importância da palavra “eficiência”, no “bom uso”, na “melhor interligação entre sistemas”, na “redução das perdas físicas e comerciais” e “no uso da água”, sobretudo na “agricultura” que é o setor que mais utiliza o bem: “Não podemos prometer dar muito mais água ao Algarve mas podemos prometer que o Algarve não vai ter menos água nos próximos tempos”, remata.