Os planos de fiscalização preventiva de limpeza voluntária de matas junto às habitações e o reforço das equipas de vigilância, estão a diminuir “significativamente” as ignições de fogos no Algarve, segundo o comandante da Proteção Civil de Faro. “Apesar de termos ainda um número elevado de ignições de fogo, este ano temos um decréscimo acentuado que, estou em crer, se deve à vigilância e à consciencialização das pessoas”, disse à agência Lusa o comandante operacional das operações de socorro do Algarve, Vítor Vaz Pinto.
De acordo com este responsável, os planos preventivos em zonas de maior risco “têm resultado com o envolvimento das autarquias, dos militares e das forças de segurança, não só na sensibilização das pessoas, mas também ao nível da fiscalização e vigilância”. “Só com uma sociedade civil consciente dos riscos a que está exposta é que é possível inverter este ciclo de ignições anormais nas florestas em todo o país”, sublinhou.
Nos 16 concelhos do Algarve, em complemento ao Dispositivo de Combate a Incêndios Florestais (DECIF), as câmaras municipais adotaram planos especiais de prevenção em conjunto com o exército, GNR e associações florestais e de caçadores, constituindo equipas para a limpeza de bermas e caminhos, de vigilância e combate na primeira intervenção e campanhas de sensibilização para a limpeza voluntária de matos junto às habitações.
Em Monchique, o concelho serrano que integra uma das mais importantes áreas florestais da região, a atuação junto dos proprietários, “informando-os da obrigatoriedade de manterem uma faixa de segurança de 50 metros junto às habitações, resultou numa diminuição significativa de fogos no concelho”, disse à Lusa o presidente da autarquia, Rui André.
“Em conjunto com o Grupo de Intervenção de Proteção e Socorro (GIPS) da GNR desenvolvemos uma campanha de informação para que a limpeza fosse feita de forma voluntária, passando depois as autoridades a atuar e a aplicar as coimas a quem não cumprir com a lei”, destacou o autarca.
Segundo Rui André, o balanço “é muito positivo, resultando numa diminuição substancial de incêndios, até porque a maioria dos fogos tem origem junto a habitações, por descuido dos proprietários”.
Em Silves, a presidente da autarquia, Rosa Palma, assegurou que os planos de prevenção e vigilância “têm tido uma taxa de sucesso elevada, que se refletem na diminuição do número de ignições de fogos na floresta”, nomeadamente na Mata Nacional da Herdade da Parra.
“A intervenção junto dos proprietários e o reforço das patrulhas de vigilância diurnas e noturnas consubstanciaram resultados muito positivos, contribuindo igualmente para aumentar o sentimento de segurança junto das populações mais isoladas e envelhecidas do território”, sublinhou a autarca.
Nos restantes concelhos do Algarve, também foram implementados programas especiais contínuos de prevenção e vigilância, com a organização de equipas próprias, cujo balanço é apontado pelos respetivos autarcas, “como extremamente positivo na redução dos incêndios florestais”.
As patrulhas municipais que atuam nas zonas florestais do Algarve receberam desde o dia 01 de julho o reforço de militares do exército português para o período crítico da época de incêndios que se prolonga até ao final de setembro.
O representante das Forças Armadas para os distritos de Beja e de Faro, tenente-coronel Rui Oliveira, disse à Lusa que “estão destacados cerca de 25 militares, envolvidos nas patrulhas em permanência nos concelhos de Monchique, Silves, São Brás de Alportel e Loulé.
“A missão passa pela prevenção, a observação e vigilância da floresta no combate aos fogos. As Forças Armadas, dentro da sua missão de interesse público, não se pode abstrair destas situações, e colabora com as câmaras municipais com o dispositivo do Regimento de Infantaria 1”, concluiu Rui Oliveira.