Entre os dias 22 e 26 de outubro, a cidade de Lisboa volta receber mais uma edição do Planetiers World Gathering. Será entre o Parque Eduardo VII e o Pavilhão Carlos Lopes que mais de 200 startups, stakeholders da área da sustentabilidade e inovação, 300 oradores presenciais e virtuais, expositores e investidores se juntarão para cooperar e partilhar conhecimento no sentido de acelerar a inovação sustentável. À Ambiente Magazine, Sérgio Ribeiro, CEO & Cofounder do Planetiers World Gathering, fala-nos da mensagem que este evento quer transmitir e das ambições para as próximas edições.
“Vamos continuar a apostar em transmitir uma mensagem de que precisamos de uma sustentabilidade sistémica, ou seja, construir um caminho de inovação e desenvolvimento que não deixa para trás os três pilares: económico, ambiental e social”, afirma o responsável, alertando para o contexto atual: “A instabilidade social leva a decisões erradas na área económica e ambiental e em crises económicas há decisões e caminhos tomados que desconsideram muito os temas sociais e mesmo a questão ambiental pode passar para segundo ou terceiro plano”. Nesta conferência, todos os temas são sistémicos e, por isso, abordam-se diferentes áreas que vão desde os “oceanos” à “regeneração de ecossistemas”, passando pelas “finanças sustentáveis” ou a “educação e equidade”, exemplifica.
É nesta ótica que o Planetiers World Gathering tem o foco de, por um lado, alertar para o facto de que “o caminho que estamos a tomar a nível global ainda não está à velocidade necessária para atingirmos os objetivos que o planeta se está a propor” e, por outro, que “apenas depende de nós o quão mais próximos vamos chegar a estes objetivos”. Por isso, “é preciso transmitir uma mensagem de esperança e acreditar que a humanidade se vai unir e cooperar e vai conseguir, através da inovação, engenho e criatividade, alcançar o equilíbrio necessário que, para nós, é o sinónimo de sustentabilidade: encontrar um equilíbrio que permite assegurar qualidade de vida de todos agora e para sempre”.
Uma das grandes novidades desta edição, e que difere da anterior em 2020, é a existência de duas áreas distintas para experiências no recinto: “Este era o nosso plano de raíz”, refere Sérgio Ribeiro, acrescentando que, no Pavilhão Carlos Lopes, vão decorrer as “conferências e os fóruns, possibilitando a troca de conhecimento e de partilhas conjuntas”, e no Parque Eduardo VII haverá um “espaço amplo, aberto ao público e gratuito”, onde qualquer pessoa poderá ter contacto com soluções reais que já existem no mercado – “tecnologia, produtos, projetos” – assim como “workshops e atividades direcionadas a toda a população, incluindo a camada mais jovem”. Neste espaço, “a população em geral terá a oportunidade de estar em contacto com soluções reais e, acima de tudo, com atividades práticas e experiências que possibilitam o contacto direto com autores de livros em temas como as alterações climáticas”, exemplifica.
“Para atingirmos sustentabilidade, é preciso um equilíbrio”
A importância de juntar tantos países e especialistas em torno do mesmo objetivo é, para o responsável, uma oportunidade de promover aquele que é o ADN do Planetiers World Gathering: “A cooperação internacional. Existe conhecimento avançado espalhado um pouco por todo o mundo e existem plataformas de conhecimento que transmitem as mensagens necessárias, tanto para o consumidor como para as empresas, de forma muito intuitiva e prática”. Desta forma, “precisamos de reunir estas pessoas para que se incentivem mutuamente” a fazer diferente: “Em 2020, vimos o momento criado por estas organizações tão distintas – “academia, governamental, público, privado e empreendedorismo e inovação” – que, ao juntarem-se num só espaço, não só saíram com uma força imensa – “poder da partilha” – como também permitiram “estabelecer pontes que ficam e que acabam por dar origem a projetos reais” no território e no mercado. E mesmo que Portugal tenha potencial de “liderar” e de ser uma país de “referência na cooperação internacional”, Sérgio Robério acredita que é fundamental “abrir e partilhar com o mundo”.
Questionado sobre a possibilidade de levar o Planetiers World Gathering a outras cidades, o responsável admite que haverão “outras aventuras” fora de Lisboa e de Portugal: “Não faltará muito para podermos anunciar outras iniciativas semelhantes, pois precisamos de mundo e pontos de contacto entre players e geografias diferentes, de forma a aprendermos em conjunto”.
Para garantir que este evento cresce de forma sustentada, Sérgio Ribeiro refere que a grande preocupação assenta na “mobilização de tantas pessoas para um local”, havendo muitas condicionantes como, por exemplo, o meio de transporte: “O importante, acima de tudo, é que, para atingirmos sustentabilidade, é preciso um equilíbrio e que, quando há um impacto para uma determinada atividade, saibamos reduzi-la, mitigá-la e compensá-la e, acima de tudo, compensar com projetos concretos que possam ter um efeito de escala e um objetivo concreto para a inovação na sustentabilidade”. Caso contrário, “estaríamos só a mobilizar milhares de pessoas para um só espaço todos os anos sem qualquer consequência e aí, o propósito do próprio evento cairía”, precisa. A isto, junta-se o facto de se “trabalhar com entidades credíveis e relevantes na área para nos ensinarem e darem o conhecimento necessário de transportar para um evento”, desde aquilo que é “consumido”, os “resíduos que são produzidos”, de forma a que possam ter o “mínimo de impacto ambiental”, e, ao mesmo tempo, que “estejamos sempre a aumentar ao máximo o impacto de colaboração, criação e crescimento de projetos na área da sustentabilidade”, sustenta.
A grande ambição para as próximas edições é que “mais pessoas falem deste evento como uma referência” e que, em “modelo presencial ou online, participem para absorver este conhecimento partilhado, experiências e casos de sucesso que nos levam a entender que é possível criar negócios sustentáveis”, destaca o responsável, reforçando a importância de um “equilíbrio” ambiental e social: “Sentimos que, sozinhos nesta luta, precisamos de um empurrão e de motivação que nos alimente”. Estes encontros dão, assim, esse reforço para que “possamos seguir o caminho, lutar pelos nossos objetivos e ajudar os que já estão no terreno: sem isso, a falta de esperança ou desmotivação pode levar à inação e isso é o oposto do que o mundo precisa hoje em dia, para chegarmos ao caminho que pretendemos”, sustenta.
Reconhecido como o “maior evento de inovação sustentável do mundo”, o Planetiers World Gathering é o que “reúne mais pessoas, tanto ao nível presencial, como online, para temas de inovação e desenvolvimento sustentável na lógica das startups e dos projetos disruptivos que estão a mudar a forma de ver e fazer negócios” ou, mesmo, de “criar uma proposta de valor para o mundo”. Além disso, “não há outro evento que reúna players tão relevantes de áreas distintas que nos permita coletivamente trazer este pensamento sistémico da sustentabilidade, para que, em conjunto, reunamos maior quantidade de informação útil e conhecimento prático para a sustentabilidade”. Em suma, “ é o maior evento de inovação, devido ao número de pessoas que reunimos e que participam e, ao mesmo tempo, é aquele que traz a maior variedade de perspetivas dentro da inovação e todas dentro de uma ambição de continuidade ecooperação entre as partes participantes”, remata.