A Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH) de Moçambique anunciou hoje que a sua participação no projeto de desenvolvimento de gás natural na bacia do Rovuma, norte do país, está orçada em 800 milhões de dólares (753 milhões de euros). O anúncio da ENH, feito em comunicado, citado pela Lusa, segue-se à informação avançada na segunda-feira pelo administrador-delegado da ENI, que lidera o consórcio da Área 4 da bacia do Rovuma, Claudio Descalzi, de que a companhia moçambicana já tinha aprovado o desenvolvimento do projeto, aguardando-se a aprovação dos outros três parceiros, incluindo a portuguesa Galp.
Na nota enviada à Lusa, a ENH faz saber que o Conselho de Administração da empresa aprovou a 16 de novembro o plano de investimento para o projeto Coral Sul, da Área 4, na Bacia do Rovuma, norte de Moçambique, e que também já recebeu luz verde da administração da ENI. “A aprovação do plano de investimento pela empresa é uma etapa fundamental no processo que irá culminar com a aprovação da Decisão Final do Investimento (FID) e, posteriormente, com a implementação do projeto”, afirmou o presidente do Conselho de Administração (PCA) da ENH, Omar Mithá, citado no comunicado.
O investimento total previsto para este projeto, assinala o comunicado, é de cerca de oito mil milhões de dólares (7,53 mi milhões de euros), dos quais a ENH deverá desembolsar cerca de 800 milhões de dólares para financiar a sua participação de 10 por cento.
Durante a fase de pesquisa, os concessionários da Área 4 fizeram um investimento de cerca de 2,8 mil milhões de dólares (2,6 mil milhões de euros).
“A implementação deste projeto poderá criar um total de 820 postos de trabalho, 90% dos quais preenchidos por mão-de-obra nacional que irá receber capacitação profissional para o efeito”, segundo o comunicado, acrescentando que irá captar divisas para o país.
O administrador-delegado da ENI, Claudio Descalzi, afirmou na segunda-feira que a companhia italiana aguarda a aprovação dos seus três parceiros no consórcio do projeto de gás do Rovuma, para iniciar a produção. “Estamos à espera da aprovação dos outros parceiros do consórcio, claramente, a empresa do estado (moçambicano) no consórcio, a ENH, também já aprovou, portanto, temos 60% do projeto aprovado”, disse Descalzi, em declarações aos jornalistas, após se encontrar com o primeiro-ministro moçambicano, Carlos Agostinho do Rosário.
A ENI, prosseguiu, aguarda pela aprovação da companhia portuguesa Galp, da companhia chinesa CMPC e da e empresa sul-coreana Kogas, para o investimento final no empreendimento. “Estamos à espera da aprovação destas três empresas, depois disso, podemos começar”, insistiu o administrador-delegado da ENI.
O projeto prevê a construção de seis poços submarinos ligados a uma unidade de produção flutuante (FLNG), com uma capacidade de liquefação de mais de 3,3 milhões de toneladas de gás natural liquefeito (GNL), por ano, equivalente a aproximadamente 5 mil milhões de metros cúbicos.
As autoridades de Moçambique aprovaram o plano de desenvolvimento do projeto em fevereiro deste ano.
O campo de Coral, descoberto em maio de 2012 e descrito em 2013, fica localizado na área 4 e contém aproximadamente 450 mil milhões de metros cúbicos (TCF 16) de gás.
Além do consórcio liderado pela ENI, a bacia do Rovuma conta com um consórcio liderado pela norte-americana Anadarko, que ainda não anunciou a decisão final de investimento no projeto.