Um petroleiro venezuelano, avariado, encontra-se encalhado no golfo de Pária (540 quilómetros a leste da Venezuela) com 1,3 milhões de barris de petróleo em águas marítimas entre a Venezuela e Trinidad & Tobago.
A embarcação, “Nabarima”, de 264 metros de comprimento, é operado pela empresa Petrosucre, propriedade conjunta entre a estatal Petróleos de Venezuela SA (PDVSA, 74%) e a italiana ENI (26%), e, a oposição venezuelana e especialistas advertem que poderá provocar um “desastre” ecológico que afetará as águas dos dois países.
O alerta sobre a situação foi feito pela organização não-governamental (ONG) Pescadores e Amigos do Mar, através de um vídeo divulgado pela Internet, que mostra o petroleiro fortemente inclinado, com vários organismos a instar as autoridades venezuelanas a transferir o petróleo para outra embarcação e evitar um “desastre ecológico”.
Eudis Girot, diretor da Federação Unitária de Trabalhadores Petrolíferos da Venezuela (Futpv) explicou aos jornalistas que o petroleiro “não está em perfeito estado” e que por estar localizado “na foz do rio Orinoco, que colide com o golfo de Pária e o mar das Caraíbas, fronteira com o Atlântico”, se converte “em uma grande ameaça para a natureza e a ecologia mundial”.
Em um vídeo divulgado pela Internet, Eudis Girot insta o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, a atender a situação a “subir a um helicóptero e fazer ele mesmo uma inspeção”, assegurando, com fotografias, que a sala de máquinas do barco está inundada.
No entanto, Eduardo Klein, coordenador do Centro de Biodiversidade Marina da Universidade Simón Bolívar, da Venezuela, estima que “é muito baixa a probabilidade de que todo o petróleo seja derramado”, por estar em vários contentores, mas adverte que um derramamento de vinte ou trinta mil barris seria suficiente para provocar danos ecológicos, que além de prejudicar os pescadores locais, ocasionaria um problema internacional, pois a mancha de petróleo se espalharia para norte.
No mesmo sentido o deputado opositor, Robert Alcalá, adverte que mesmo que seja “rapidamente transferido” e “estabilizado”, o petroleiro continuará a ser um “risco permanente de desastre ambiental”, porque trata-se de uma embarcação que não recebe manutenção desde 2014.
Segundo a imprensa local, o Governo de Trinidad & Tobago pediu explicações a Caracas e autorização para que uma equipa de peritos pudesse inspecionar a zona onde está a embarcação.
Entretanto, também segundo a imprensa local, duas embarcações, cada uma com capacidade para 600 mil toneladas de petróleo, estão próximo do “Nabarima”, antecipando que se vão iniciar a transferência do crude.
No passado mês de junho uma avaria na refinaria de Guaraguao provocou um derrame de petróleo que afetou inclusive várias ruas do Estado de Anzoátegui (300 quilómetros a leste de Caracas), obrigando ao encerramento do edifício sede local da PDVSA, de áreas residenciais e também do acesso ao Hospital César Rodríguez.
Em setembro último um derrame de petróleo num oleoduto do Estado venezuelano de Falcón (centro-norte do país), afetou várias áreas marítimas, fauna e flora da região, obrigado as autoridades a limpar as praias e a colocar redes para evitar a destruição de corais.