A execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) serviu de mote para o debate “Tendências de Sustentabilidade e Impacto da Inflação Desafios da Descarbonização”, promovido na conferência “Sustentabilidade e descarbonização. E AGORA?” da GS1 Portugal, realizada esta quarta-feira, 25 de janeiro.
No entender de Beatriz Varela Pinto, Manager Climate Change & Sustainability Services da EY, o nível de execução do PRR, a nível nacional, tem sido um dos grandes desafios sentidos nos últimos tempos, não só pela “execução dos próprios investimentos e projetos”, como também, pelos “prazos que são muito curtos”, acabando por, de certa forma, “condicionar a própria execução”. Adicionalmente, a responsável chama a atenção para os “apoios que serão soltos por Bruxelas”, tendo em conta as “metas ambiciosas” que o país está comprometido. No que às medidas diz respeito, Beatriz Varela Pinto considera que “mais do que a monitorização necessária”, é essencial uma “grande transparência e um grande pragmatismo de eficiência na própria execução dos projetos” e, também, a “mudança de mentalidade comum” para se conseguir concretizar o PRR: “É fundamental que o PRR mantenha e seja percecionado como um instrumento central para a concretização da transição climática necessária e que permita impulsionar o acesso ao financiamento pelas empresas e assim concretizar os objetivos”.
Apesar da Bureau Veritas não estar diretamente ligada às candidaturas das empresas ao acesso dos fundos, presta apoio em projetos relacionados com a eficiência energética e hidrogénio, tendo um conjunto de peritos e de suporte técnico nesse sentido. Posto isto, Patrícia Franganito, Certification & Training Manager da Bureau Veritas, começa por relembrar que, apesar de Portugal ser um país que se pauta por ter “grandes empresas”, grande parte desse tecido empresarial, é composto por PME (Pequenas e Médias Empresas), notando-se, em determinado serviços um “gap”. Ainda assim, a responsável reconhece que já há caminho feito: “Vemos empresas a alcançarem determinadas metas, não só na componente do Environment, como a redução da pegada, mas que já deram passos consolidados na componente Governance e nos padrões de igualdade de géneros”. No que ao PRR diz respeito, Patrícia Franganito defende a necessidade de se “ir buscar o máximo que se conseguir em tempo recorde”, para se conseguir alcançar os objetivos: “O documento tem traçado aquilo que são os drivers que devemos olhar – transição digital, transição climática, componente da eficiência, da resiliência e inclusão – sendo necessário colocar em campo, implementar e colher resultados”. Reconhecendo, da mesma forma, que os “mecanismos da monitorização são essenciais”, a responsável atenta ainda na “regulamentação” e na “componente dos canais de comunicação” dirigidos às PME, no sentido de conseguirem, mais rapidamente, “candidatarem-se e irem buscar esses fundos comunitários”.
Também, Pedro Cruz, ESG Coordinator Partner na KPMG, confirma que há uma dificuldade maior por parte das empresa mais pequenas em ter acesso a esse tipo de incentivos, mesmo com o PRR a premiar estratégias colaborativas com empresas de maior dimensão, permitindo o acesso a programas que, de forma isolada, não teriam essa capacidade. Apesar do “atraso verificado”, o responsável reconhecer que existe uma “grande vontade por parte de algumas PME” em aproveitar o PRR e outros programas para avançarem na estratégia de descarbonização e da transição energética.
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