O município de Penamacor, no distrito de Castelo Branco, vai liderar um projeto de reintrodução no lince-ibérico nas serras da Malcata, de São Mamede e na área de Moura/ Barrancos, num investimento global previsto de um milhão de euros.
De acordo com o presidente da Câmara de Penamacor, António Luís Beites, este projeto envolve ainda os municípios do Sabugal (distrito da Guarda) e de Castelo de Vide (distrito de Portalegre), bem como a EDIA – Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva.
“Todos gostamos muito do nosso lince-ibérico e, naturalmente, queremos voltar a tê-lo nos nossos territórios, até pelo elevado potencial turístico que lhe pode estar associado”, afirmou o presidente deste município, em declarações à Lusa, que partilha com o Sabugal a área territorial da Reserva Natural da Serra da Malcata, desde sempre associada ao lince-ibérico.
Denominado “Linx 2020”, o projeto será candidatado ao Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos (POSEUR), no âmbito da abertura de um aviso que se destina exatamente à preservação do lince-ibérico.
“Esperamos que esta candidatura possa ser aprovada até ao final do ano para que em 2017 já possamos implantar medidas no terreno, de modo a podermos criar novamente condições de habitat natural para que o lince-ibérico volte a ser reintroduzido nestes territórios”, referiu.
António Luís Beites explicou ainda que o projeto prevê a concretização de várias ações que devem criar condições que permitam a reprodução e proliferação do coelho bravo, principal alimento do lince ibérico.
Entre as medidas delineadas estão a construção e requalificação de cercados para a reprodução do coelho bravo, a criação de morouços, a realização de sementeiras e ações de controlo das espécies predadoras.
A entrada em funcionamento do parque de reprodução de coelho bravo que já foi construído na área do Sabugal, a reabilitação do parque existente na área de Penamacor e a construção de um terceiro parque, caso se justifique com a implementação do projeto, também serão elencadas.
“Temos de criar condições para que o coelho bravo volte a proliferar e, portanto, implantaremos também um plano de ordenamento, controlo e monitorização do coelho bravo (…), visando saber quando é que será possível proceder à reintrodução do lince”, acrescentou o autarca.
Segundo especificou, este é um projeto autónomo, mas que não deixará de entroncar no que já estava delineado no programa “LIFE+Iberlince”, que promoveu a reintrodução do lince na Península Ibérica, mas que acabou por não abranger o território da Serra da Malcata como estava inicialmente previsto.
“Apesar de ser um processo diferente, obviamente que temos de ter parâmetros comuns porque só faz sentido casando uma coisa com a outra. E, sinceramente, creio que era excelente para todos nós se, no futuro, conseguíssemos comprovar que ter desligado a Malcata do programa LIFE foi de facto um erro cometido na anterior legislatura”, afirmou.