A associação de moradores de Casal de São Simão, em Figueiró dos Vinhos, aprovou ontem, a 23 de julho, a criação de uma zona de proteção, com a construção de um aceiro e substituição de eucaliptos e pinheiros por espécies autóctones, segundo avançou a Lusa.
Depois da Ferraria de São João, no concelho de Penela, ter avançado com uma zona de proteção, agora é a vez de os proprietários de terrenos e de habitações de Casal de São Simão optarem por seguir um caminho semelhante, disse à agência Lusa o presidente da associação de moradores, António Quintas, que espera que outras aldeias da região sigam o exemplo. As chamas estiveram à porta da aldeia de xisto durante o incêndio de Pedrógão Grande, que deflagrou a 17 de junho e que causou a morte de pelo menos 64 pessoas.
A reunião de ontem contou com cerca de 40 participantes, entre proprietários de casas (a grande maioria de segunda habitação) e de terrenos – bem como representantes da câmara municipal, junta e bombeiros -, tendo sido a provada por unanimidade a proposta de criação de um projeto de “proteção da aldeia e prevenção de incêndios”, acrescentou o responsável.
A partir de hoje, vão ser iniciados os contactos com os proprietários que não estiveram presentes na reunião, e “o corte dos eucaliptos e pinheiros que estão queimados vai-se iniciar já”, disse. O projeto prevê a criação de um perímetro de segurança de cem metros da aldeia, envolvendo o corte de eucaliptos e pinheiros presentes nessa área, a construção de um aceiro circular que permita criar uma faixa desarborizada, de “25 a 26 metros”, e a plantação, dentro do perímetro definido, de “espécies autóctones, como as nogueiras, cerejeiras, sobreiros ou carvalhos”, explanou o presidente da associação.
“É um processo moroso. Temos de fazer o cadastro dos terrenos na envolvente e contactar todos os proprietários”, sublinhou, referindo que, em algumas zonas, tentarão alargar a área de proteção para “os 150 ou 200 metros”. Visto que muitos dos proprietários de terrenos na zona circundante da aldeia de xisto são habitantes na aldeia de Fato, próxima de Casal de São Simão, António Quintas espera que nasça um projeto “idêntico” naquela localidade, permitindo que as frentes de proteção dos dois locais “se encontrem para se ter uma zona [de segurança] ainda maior”.
“É um projeto ambicioso, de muita alma e coração, que queremos que sirva de exemplo e de alavanca para outras aldeias”, realçou o presidente da associação, considerando que o incêndio de Pedrógão Grande “despertou mais as pessoas para esta questão”.
No final de junho, os moradores de outra aldeia de xisto, Ferraria de São João, decidiram avançar com uma zona de proteção da povoação. Entretanto, já começou a ser realizado o cadastro dos terrenos circundantes e está marcado para segunda-feira o início do corte dos eucaliptos e árvores queimadas na zona de proteção definida naquela localidade do concelho de Penela.