“O impacto da pandemia global acentuou o foco dos investidores nas questões ambientais e sociais, apesar da atenção continuar centrada nos dados de desempenho associados à sustentabilidade”. A conclusão é do Schroders Global Investor Study.
Os resultados do estudo, nesta segunda fase focado na sustentabilidade, e que analisou mais de 23 mil pessoas de 33 locais a nível mundial, revelaram que, “globalmente, 57% dos investidores estão agora a dar maior importância às questões sociais” e “55% às questões ambientais”. Em Portugal, “52% dos investidores sentiram que as questões sociais são mais ou muito mais importantes do que antes da pandemia, e 48% sentiram o mesmo em relação às questões ambientais”, indica o relatório, partilhado pela Schroders num comunicado.
Segundo o estudo, os fundos sustentáveis revelam-se atrativos para os investidores portugueses, por diferentes razões: “Metade destes (52%) valorizam o seu impacto ambiental numa perspetiva mais ampla, 43% apreciam os seus princípios sociais, e 33% acreditam que são mais propensos a oferecer retornos mais elevados”.
A nível mundial, “mais de 40% dos investidores afirmaram que a elaboração de relatórios regulares, destacando o impacto que os seus investimentos estão a ter, iria motivá-los a aumentar os seus investimentos sustentáveis e, pouco mais de um terço (36%), gostaria de ver alguma forma de auto-certificação assegurada pelo seu gestor de investimentos, mostrando que os seus investimentos são sustentáveis”. Em Portugal, “60% das pessoas sentem que os dados/evidências que mostram que investir de forma sustentável produz melhores resultados, as incentivarão a aumentar os seus investimentos sustentáveis, em comparação com 53% dos investidores, a nível global”, refere o estudo.
A maioria dos investidores, a nível mundial, revela, segundo o relatório, estar à vontade com a perspetiva de abraçar a sustentabilidade, com “57% a afirmar sentirem-se positivos quanto à mudança para uma carteira de investimentos inteiramente sustentável, desde que mantivesse o mesmo nível de risco e diversificação, e com os mais jovens (60%) a mostrarem-se particularmente recetivos a esta mudança”. Este sentimento é ainda mais forte em Portugal: “60% dos inquiridos apontam a transição para uma carteira totalmente sustentável, e 67% se se considerar os investidores da geração GenZ (18-22 anos de idade)”.
Responsabilidade pela mitigação mitigação das alterações climáticas e desigualdades
O Schroders Global Investor Study revela ainda que os investidores esperam, cada vez mais, que sejam tomadas medidas globais para fazer face às alterações climáticas. A este nível, o estudo concluiu que a pressão estava a crescer em torno de praticamente todos os principais intervenientes globais – desde governos, empresas e até gestores de ativos – para mitigar o impacto.
Em Portugal, a maioria das pessoas (83%) concordou que esta responsabilidade deveria recair sobre os governos e reguladores nacionais (contra 74% a nível global), enquanto quase três quartos (74%) alocaram a responsabilidade às empresas e organizações intergovernamentais, como a ONU, no combate ao tema das alterações climáticas e por comparação aos 68% registados a nível global. No entanto, a maior mudança de sentimento registada nos últimos quatro anos diz respeito à expectativa em torno do papel crescente dos gestores de ativos. A nível mundial, 53% dos investidores acreditam que os gestores de investimentos e os principais acionistas são responsáveis pela mitigação das alterações climáticas, o que representa um aumento substancial em relação aos 46% registados em 2020. Em Portugal, este número também aumentou de 49% em 2020 para 56% em 2021, refere o estudo.
No estudo verifica-se também uma “tendência semelhante” quando se pergunta sobre a responsabilidade pela mitigação da desigualdade, com “73% dos investidores globais a referirem o governo/ reguladores, seguidos pelas organizações intergovernamentais (68%)”. Em Portugal, o sentimento é partilhado, com “79% dos inquiridos a assumir que a principal responsabilidade de reduzir a desigualdade cabe ao governo/ reguladores nacionais, e 75% acreditam mesmo que são as organizações intergovernamentais que desempenham um papel importante a este nível”.
O estudo também auscultou sobre que controvérsias levariam as pessoas a retirar-se dos investimentos. A este nível, os “escândalos financeiros” são referidos como os mais prováveis a criar maiores obstáculos ao investimento, mais do que os ataques cibernéticos ou as catástrofes provocadas pelas alterações climáticas. Em Portugal, “69% das pessoas retirar-se-iam, provavelmente ou definitivamente, de um investimento em empresas associadas a um escândalo financeiro ou contabilístico, 66% fá-lo-iam no caso de empresas associadas a um escândalo de direitos humanos, e 65% quando envolvidas num processo de violação da privacidade dos dados”. Curiosamente, em comparação com os seus homólogos europeus, os investidores na Ásia e nas Américas mostraram ser os “mais sensíveis” aos escândalos financeiros. Por seu turno, “os investidores nas Américas revelaram ser os mais propensos a desinvestir como resultado dos desafios das alterações climáticas, em comparação com os investidores a nível mundial”.
“Estes resultados revelam as crescentes expectativas que agora se colocam aos gestores de ativos, quando se trata de lidar com as alterações climáticas. Estamos a concentrar-nos em assegurar que os investimentos que gerimos para os nossos clientes estão alinhados com a transição para um planeta mais sustentável, e que beneficiam das oportunidades que a transição trará”, refere Carla Bergareche, diretora-geral da Schroders para Portugal e Espanha.