O deputado único do PAN considerou ontem urgente “mudar de direção e alterar as prioridades da agenda política” devido ao “profundo impacto das alterações climáticas”, pedindo um “modelo económico baseado em energias 100% limpas e renováveis”, avança a “Lusa”.
No primeiro discurso da sessão solene comemorativa do 44.º aniversário do 25 de Abril, que decorreu ontem no parlamento, André Silva alertou que se está “a viver acima das capacidades do planeta e o Antropoceno pode mesmo ser a última idade do ser humano”. “Na data em que celebramos 44 anos de um momento histórico de transformação e de valor inestimável para os portugueses, acreditamos que estamos num novo período de transição. Agora é novamente o momento de mudar de direção e de alterar as prioridades da agenda política”, defendeu.
Segundo o deputado único do PAN, é “o profundo impacto das alterações climáticas no equilíbrio dos ecossistemas”, que torna “tão imperativo” que se compreenda que é preciso “urgentemente de mudar de direção”. “A única coisa que aumenta mais depressa do que as nossas emissões é a produção de palavras que se comprometem a baixá-las”, ironizou.
Concretizando que se trata “de transformar tudo relativamente à forma como se vive neste planeta”, o deputado único do PAN avisou que “o ponto de não retorno está a um apeadeiro de distância”. “Compete-nos garantir, com a urgência que esta crise ecológica merece, uma transição para um modelo económico baseado em energias 100% limpas e renováveis, e que promova a independência energética de todos os Portugueses”, defendeu.André Silva sugeriu ainda um equilíbrio entre “a despesa pública com investimentos ecologicamente sustentáveis e de longo prazo”.
“Em Bruxelas devemos reforçar a fraternidade e equidade no seio da União Europeia e rejeitar todos e quaisquer atos que promovam agressões ou fomentem guerras. A transição faz-se apostando e investindo na Cultura da não violência”, sublinhou. Para o deputado do PAN, “existe todo um arco íris de opções para além dos modelos socioeconómicos implementados”. “Nem a Esquerda extrativista nem a Direita produtivista nos têm apontado soluções de bem-estar que não envolvam enormes custos ecológicos e humanos. Continuar a repetir erros esperando resultados diferentes, apenas demonstra o quão irracionais ainda somos”, criticou.
Na opinião do parlamentar, “apostar nas pessoas, para além dos discursos gastos de cariz puramente ideológico, é mostrar-lhes alternativas e é dar-lhes informação e formação para que possam fazer apreciações críticas da realidade”. “Acima de tudo dar-lhes exemplos sobre como é possível harmonizar o equilíbrio entre a sua satisfação pessoal, a sustentabilidade ambiental, o bem-estar e a dignidade dos outros povos, e a proteção de todas as outras formas de vida”, justificou.
André Silva terminou com um agradecimento: “Aos capitães de Abril por, naquela madrugada, terem sido o nosso cais e nos terem feito mudar de linha”.
*Foto de Lusa