Países lusófonos sofrem falta de fundos para sustentabilidade ambiental
Todos os países lusófonos sofrem de falta de fundos para investir na sustentabilidade ambiental, segundo declarou à Rádio ONU o secretário-executivo da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), Bráulio Dias.
O responsável atentou nas diferentes causas por trás das limitações do investimento dos países de língua portuguesa, que variam segundo a situação política e económica específica de cada país. “Países como Guiné-Bissau, por exemplo, pouco avançaram devido às dificuldades económicas e políticas”, explicou, enquanto países como Timor-Leste estão a começar “quase do zero, nestes últimos anos, a fazer um esforço para implementar essa agenda”.
Angola e Moçambique “têm uma biodiversidade imensa”, mas que foi “muito impactada durante todo o período de guerra civil”. No entanto, os dois países africanos estão a fazer “um grande esforço de recuperação”, nomeadamente Moçambique, que duplicou as áreas protegidas nas últimas décadas.
Para o especialista, a prioridade dos esforços da comunidade lusófona africana deve ser o controlo das espécies invasoras e a proteção das que são vulneráveis às mudanças climáticas.
Quanto a Portugal, “o grande desafio”, considerou, é “superar a crise financeira e poder voltar a ampliar os seus investimentos na proteção da biodiversidade”. “O país tem um Instituto de Conservação da Biodiversidade muito bem estruturado, e programas muito importantes na área da biodiversidade marinha”, elogiou.
Para o secretário da CDB, o Brasil obtém nota positiva, apresentando “resultados bastante significativos”, duplicando a extensão das suas áreas protegidas e sendo “o país que mais reduziu as taxas de desmatamento e desflorestação em todo o mundo nesta última década”.
“Houve uma redução de mais de 80% das taxas de perda de biodiversidade do Brasil desde 2005 até agora”, acrescentou. A CDB é um tratado da Organização das Nações Unidas e um dos mais importantes instrumentos internacionais relacionados ao meio ambiente.
A Convenção foi estabelecida durante a ECO-92 – a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), realizada no Rio de Janeiro em junho de 1992 – e é hoje o principal fórum mundial para questões relacionadas com o tema.
Mais de 160 países já assinaram o acordo, que entrou em vigor em dezembro de 1993.