Pacto do Porto para o Clima convoca todos para atingir a neutralidade carbónica até 2030
Apresentado publicamente em setembro de 2022, o “Pacto do Porto para o Clima” é pioneiro na agregação de empresas, organizações e instituições dos diversos setores, unidos em prol do desafio da neutralidade carbónica até 2030. A iniciativa reúne já mais de 200 subscritores, de áreas tão diversas como a Academia, justiça, educação, telecomunicações, construção, indústria, ONGs, 3º setor, desporto, ciência, saúde e cultura.
Pretende-se, através do envolvimento de instituições e do compromisso do Município com este desígnio, liderar pelo exemplo, desafiando a sociedade civil a abraçar esta causa. Neste domínio, a Câmara Municipal do Porto assume também um papel preponderante apostando em ações estratégicas com evidentes impactos para a redução das emissões, bem como para a melhoria da qualidade de vida das suas populações.
Aposta na descarbonização e energias renováveis
Tirando partido do enorme potencial do parque habitacional do Município, o Porto assume-se como um produtor de energia limpa de base solar. O objetivo é utilizar os telhados de mais de 50 bairros municipais para produzir 6 MW de energia renovável, que irão servir quase 30 mil pessoas que ali vivem. Com um investimento que ronda os 6 milhões de euros prevê-se que, até 2030, todos os edifícios de habitação municipal produzam energia. O Porto apresentou também um plano de incentivos, através da redução do IMI, à instalação de painéis fotovoltaicos em edifícios particulares, que investimento que ronda os 8 milhões de euros até 2030.
Ao nível da iluminação pública, já foi iniciada em 2022 a substituição de mais de 26 mil luminárias na cidade para tecnologia LED, que correspondem a cerca de 90% do total existente. O consumo de energia na via pública descerá para menos de metade, permitindo a redução de 3605 toneladas de CO2 equivalente para atmosfera, por ano.
100% orgânico
Lançado em 2021, o projeto pioneiro de recolha de orgânicos, da Porto Ambiente, assenta na valorização destes resíduos em composto devolvido aos solos para enriquecimento dos mesmos e conta já com 31 mil famílias aderentes.
Através desta iniciativa os portuenses contribuíram para diminuição de resíduos encaminhados para o indiferenciado, através da recolha de praticamente 10 mil toneladas de resíduos alimentares que foram valorizados. Em pouco mais de um ano de implementação deste projeto, foi evitada a emissão de cerca de 45,46 toneladas de CO2 equivalente para a atmosfera.
Para facilitar o acesso e deposição de resíduos, a estratégia de alargamento do projeto Orgânico preconiza também o reforço do número de contentores de proximidade, passando dos atuais 520 equipamentos para cerca de 650. Este é mais um passo fulcral na estratégia do Município para alcançar a cobertura praticamente global de toda a cidade até ao final do corrente ano.
Reduzir as perdas de água e aumentar a eficiência hídrica
A Águas e Energia do Porto arrancou com uma estratégia inovadora que consiste numa empreitada contínua e não “programada”, que permitirá renovar cerca de 3 km de condutas por ano. Com esta iniciativa, a empresa atua diretamente na redução das perdas de água reais e do índice de Água Não Faturada. Recorde-se que, em 2021, o Porto alcançou o valor mais baixo de sempre em perdas de água na rede pública – 14,8%.
Alinhado com o Roadmap para a Economia Circular do Porto, o Município irá redesenhar as suas ETAR, transformando-as em fábricas de recursos. A cidade pretende antecipar algumas tendências internacionais, por exemplo no aumento da eficiência energética ou na produção de biogás.
*Este artigo foi incluído na edição 98 da Ambiente Magazine