Organizações ambientais querem limites restritos para as emissões dos automóveis na UE
“É fundamental haver limites mais restritos para o CO2 dos automóveis: só assim a Europa alcançará a independência energética, mitigará as alterações climáticas e resolverá o problema da qualidade do ar nas cidades”. Esta declaração faz parte da carta pública que a ZERO, juntamente com mais de 50 organizações não governamentais (ONG) ambientais europeias de 12 diferentes países, escreveram aos eurodeputados para serem ambiciosos na votação que se avizinha no Parlamento Europeu sobre os limites máximos de emissões de CO2 dos novos automóveis de passageiros e ligeiros de mercadorias vendidos na União Europeia (UE).
Esta votação, que ocorrerá na próxima semana, caso estabeleça metas mais exigentes no CO2 que os fabricantes de automóveis terão de cumprir nesta década e na seguinte, irá acelerar a transição da Europa para os carros elétricos, o que – juntamente com maior utilização do transporte público e modos suaves de mobilidade, menos deslocações e mais mobilidade partilhada – será uma peça chave para descarbonizar o sector dos transportes e conseguir um ambiente menos poluído e ruidoso nas cidades, com ganhos significativos para a saúde pública. “Estamos por isso em face de uma votação determinante na qual os decisores políticos da UE podem e devem ser ambiciosos”, considera a ZERO e as suas organizações parceiras, citadas num comunicado, divulgado pela Associação ambientalista.
Segundo a ZERO, na carta pública pode ler-se: “os automóveis 100% elétricos consomem zero gasóleo ou gasolina, e por isso são uma medida estrutural chave para fazer o desmame de petróleo por parte da Europa”.
No mesmo comunicado, a ZERO partilha alguns dos pontos que as ONGs consideraram, na carta pública, como fundamentais no momento da votação:
- Votar 2030 ou bastante próximo disso como data para a eliminação das vendas de novos automóveis e carrinhas com motor de combustão interna (incluindo híbridos plug-in, portanto);
- Estabelecer metas de redução de CO2 significativamente mais elevadas para os fabricantes de automóveis, tanto em 2025 como em 2030, e com um objectivo intercalar adicional para 2027;
- Rejeitar soluções “verdes” falsas de propaganda ambiental por parte das petrolíferas – tal como a da utilização de combustíveis sintéticos no sector dos automóveis ligeiros (cuja combustão emite tantos óxidos de azoto venenosos (NOx) como os motores a combustíveis fósseis) – que permite aos fabricantes de automóveis comprar créditos para cumprirem as suas quotas de CO2;
- Impedir os chamados bónus ZLEV atribuídos aos fabricantes de automóveis, que reduzem significativamente o CO2 total abatido ao venderem automóveis com baixas ou zero emissões – os quais os fabricantes produzem e vendem de qualquer forma;
- Acabar com o sistema de ajuste de massa que permite aos carros mais pesados emitir discricionariamente mais CO2, uma distorção que está na origem do domínio nas vendas por parte de veículos utilitários desportivos (SUV) altamente poluentes.
Esta votação, no Parlamento Europeu, que decorrerá no próximo dia 7 de junho, é vista pelas ONGs como uma “oportunidade de ouro” para os eurodeputados fazerem aumentar as exigências aos fabricantes de automóveis durante a segunda metade da década de 2020 e na de 2030: “Tal é crucial para acelerar a produção em massa de carros eléctricos, o que conduzirá mais rapidamente a que estes se tornem mais baratos do que os equivalentes com motor de combustão – e se a votação for ambiciosa, tal acontecerá já a partir de 2025”.
A ZERO lembra que os automóveis de passageiros e as carrinhas de mercadorias são responsáveis por 15% de todas as emissões de CO2 na Europa e são a maior causa de poluição nas cidades europeias, poluição que é responsável pela morte prematura de mais de 40 mil pessoas todos os anos. Em Portugal, são cerca de 6 mil pessoas por ano a morrerem prematuramente por esta causa.