Opinião: Valorfito com saldo positivo de carbono
O Valorfito, designação pelo qual é conhecido o Sistema Integrado de Gestão de Embalagens e Resíduos em Agricultura, anunciou recentemente os resultados finais de recolha de embalagens vazias de produtos fitofarmacêuticos, sementes e biocidas no ano 2020, atingindo valores ímpares superando o mercado. Com efeito, apesar de um ano especialmente difícil registou-se um crescimento de 28% face às recolhas de 2019, com um total de cerca de 500 toneladas de embalagens recolhidas. Um valor histórico, que tem como consequência o crescimento da taxa de retoma global para 44%, 5 pontos percentuais acima de 2019.
Tendo como objetivo a recolha e gestão dos resíduos de embalagens primárias de produtos fitofarmacêuticos, biocidas e sementes de uso profissional, o sistema permite dar resposta às necessidades dos produtores agrícolas de encontrarem um destino adequado para os resíduos de embalagens daqueles produtos, que são gerados nas suas explorações agrícolas, assegurando que toda a fileira agrícola possa cumprir a legislação em matéria da gestão dos resíduos de embalagens primárias de produtos fitofarmacêuticos e de sementes. No ramo dos biocidas, permite, igualmente, aos utilizadores finais uma gestão adequada dos resíduos de embalagens primárias de biocidas
Assim, como sistema ao serviço da agricultura e com um profundo cariz ambiental, tem como objetivo operacional a redução a pegada de carbono sempre que possível. Em 2020, foi pela primeira vez possível fazer a contabilização desta mesma pegada, para que o valor sirva de base para a melhoria contínua do desempenho ambiental do sistema.
Para tal, foram seguidos os referenciais do programa WARM (Waste Reduction Model) da EPA (Agência Norte Americana para a Proteção Ambiental), que definem as emissões de CO2 eq. que se evitam com a reciclagem e valorização dos resíduos face à deposição em aterro, para os diversos materiais de resíduos de embalagem. A este ganho ambiental, descontam-se as emissões de todo o sistema, nomeadamente na sua componente maior, que é o transporte dos resíduos.
Com base nestes pressupostos, aferiu-se que o sistema contribuiu, em 2020, para que se evitassem as emissões de 735 toneladas de CO2 equivalente para a atmosfera, já que por cada kg de resíduos se evitou a emissão de 1,7kg CO2 equivalente, sendo este um valor relevante e que reflete o contributo fundamental do setor agrícola para o combate às alterações climáticas.
Outro indicador importante, e que também serve de referência para melhoria futura, tem a ver com a distância percorrida em média por cada tonelada de resíduos recolhidos, em 2020 foi de 210 km/t. Este é um valor que tenderá a ser menor, com o aumento da quantidade de resíduos recolhidos por cada ponto de retoma. Por outro lado, o facto de os utilizadores finais dos produtos entregarem as embalagens vazias nos pontos de retoma Valorfito, evitam a dispersão de recolhas, contribuindo para a diminuição deste valor.
Conclui-se que a entrega dos resíduos de embalagens de produtos fitofarmacêuticos, sementes e biocidas, garante que os mesmos seguem as melhores práticas de reciclagem e valorização, para além de todos os benefícios ambientais e de segurança inerentes, evita-se, também, a emissão de importantes quantidades de CO2 para a atmosfera.
Para 2021, com o foco na otimização da recolha de embalagens e o aumento da reciclagem das mesmas, o Valorfito ambiciona evitar a emissão de cerca de 1000 toneladas de CO2 para a Atmosfera.