#Opinião: “SIG – Integração, Colaboração e Partilha”
Por: Ana Soares, Sector Lead na Esri Portugal; Luis Nicolau, Diretor de Gestão de Ativos e Engenharia na Águas do Norte; Rui Leite, Coordenador de Gestão de Ativos e Engenharia – SIG na Águas do Norte
A celebração anual do Dia Mundial da Água – 22 de Março – é um bom pretexto para, uma vez mais, alertar a comunidade para a importância de temas como a sustentabilidade dos ecossistemas, em particular a gestão dos recursos hídricos, que assume especial relevância no atual contexto provocado pelos fenómenos resultantes das alterações climáticas, como sejam longos períodos de seca e de chuvas intensas, cada vez mais frequentes, e que nos devem conduzir a todos para a preocupação da preservação e da poupança da água.
Ora, refletindo sobre a necessidade urgente de novos caminhos, mais resilientes, que obrigam à adoção de soluções inovadoras, torna-se inevitável atender à transição digital, um dos aspetos mais disruptivos, e que tem vindo a apresentar-se como um enorme desafio empresarial, já que implica mudanças estruturais, não só ao nível da organização propriamente dita, mas também dos comportamentos e competências de todas as partes envolvidas.
Ciente desta nova realidade e da importância da mobilidade e integração de sistemas, a Águas do Norte – entidade gestora responsável pela exploração e gestão dos sistemas de abastecimento e saneamento do Norte de Portugal – tem desenvolvido muitos dos seus projetos, alguns deles com o apoio da Esri Portugal – empresa pioneira e líder de mercado na oferta de tecnologia ArcGIS de Sistemas de Informação Geográfica (SIG) em Portugal – no sentido de se conseguir uma melhor gestão e organização dos processos, através de operações e procedimentos colaborativos.
Um bom exemplo é o projeto “SIGAME”, desenvolvido com o intuito de incentivar a atualização do cadastro físico das infraestruturas da empresa, disponibilizando uma aplicação de registo de sugestões a todos os colaboradores, para que possam apresentar as correções ao cadastro que entendam oportunas, através de um smartphone, tablet ou computador.
De forma objetiva, a empresa pretendeu deixar de olhar para o SIG como um simples sistema de registo, para o encarar como um sistema que exponencie a partilha do conhecimento, hoje cada vez mais digital. A aposta tem sido no desenvolvimento de um sistema direcionado a todas as partes interessadas, por forma a garantir a disseminação de informação e a colaboração entre todos.
Ao longo do tempo, com a exploração das novas potencialidades fornecidas pelo ArcGIS Enterprise, o projeto tem vindo a ser alargado a outras áreas dentro e fora da empresa, como os estudos e projetos, a qualidade da água, a gestão dos ativos, o registo de ramais construídos, a disponibilização de mapas online das redes de abastecimento aos Municípios servidos ou às Autoridades de Saúde, entre outros. Recorrendo à tecnologia ao seu dispor, é possível à Águas do Norte usar o SIG para controlar os pedidos que chegam, localizar ações, reportar a situação em si e ter um histórico de todos os processos, deixando de ter um sistema cingido a um único departamento, alargando-o dentro da organização a outras áreas.
A necessidade de desenvolver planos para renovação da rede de saneamento com base em inspeções dos intercetores e das caixas de visita levou ainda à criação de ferramentas de automatização da avaliação da condição daquelas infraestruturas, desde os riscos associados à estimativa orçamental. Desta forma o SIG contribui para o armazenamento sistemático da muita informação gerada, permitindo a visualização destes eventos e anomalias em mapa, a partilha dessa informação em web maps e dashboards para toda a organização, e no apoio à tomada de decisão de priorização dos investimentos.
Em 2022, a Águas do Norte deu mais um passo importante na persecução deste caminho e implementou o novo sistema de registo da Esri dedicado à gestão de infraestruturas – ArcGIS Utility Network, que permite não só o cadastro dos ativos das redes com todas as suas características, mas mais importante a criação de regras de comportamento e de funcionamento, baseado, este último, numa arquitetura de serviços web que irá alavancar os processos de integração aplicacional.
2023 é um ano desafiante… e o percurso a ser feito por qualquer organização que queira vingar no atual contexto deve ir ao encontro da promoção da integração dos seus sistemas, mas também do trabalho em rede, e da uniformização da informação e acesso.
Nas organizações existem inúmeros sistemas informáticos, sendo desejável que o SIG se relacione, da fora mais perfeita possível, com todos esses sistemas, sendo que os projetos estratégicos sobre o setor das águas (seja ao nível da otimização, redução de perdas ou eficiência hídrica e energética) só serão possíveis de ser convenientemente respondidos, promovendo a integração ágil entre sistemas, preferencialmente através dos dados interligados e relacionados entre si.
Em suma, e para garantir a prestação de um serviço público de abastecimento de água e saneamento de forma eficiente, sustentável e inovadora, há que apostar na implementação de um sistema de informação geográfica que permita a tão importante componente da integração de sistemas.
*Este artigo foi publicado na edição 98 da Ambiente Magazine