#Opinião: Redes de telecomunicações mais sustentáveis: um imperativo no combate às alterações climáticas
Por: Carlos Jesus, Country Manager da Colt Portugal e VP Global Service Delivery da Colt
A mais recente edição do Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC) revelou que desde a era pré-industrial a temperatura na terra já aumentou 1,1º C. Também já está confirmado – com 90% de certeza, que o aquecimento do planeta é causado pela atividade humana. Torna-se, por isso, urgente reduzirmos as emissões de carbono.
A crescente ocorrência de eventos provocados pelas alterações climáticas tem vindo a fazer com que as empresas em todo o mundo, independentemente do seu setor de atividade, foquem a sua atenção nas emissões de carbono e na sua pegada ambiental. O setor das telecomunicações não é exceção. Entidades como a GSM Association e a ITU (União Internacional de Telecomunicações), têm vindo a defender incansavelmente a necessidade de “redes de comunicações mais sustentáveis”, na esperança de assim ser possível reduzir substancialmente os impactos ambientais do e no sector das telecomunicações.
A indústria das telecomunicações está na vanguarda da redução das emissões de carbono. Manter esta posição é o desafio imediato e futuro, sobretudo porque face ao aumento, sem precedentes, do consumo de dados em todas as geografias, especialmente depois da pandemia do COVID-19, que acelerou a transformação digital e aumentou o uso de ferramentas e aplicações digitais, é ainda mais vital melhorar a eficiência energética da nossa indústria. É preciso que a taxa de crescimento da eficiência energética alcance ou exceda a do crescimento do tráfego. A ITU já definiu, de forma clara, como meta para o setor a redução das emissões de carbono nas TIC em mais de 45% até 2030.
As empresas compreendem a urgência da tomada de medidas que permitam impulsionar mudanças positivas na indústria tecnológica e estão abertas a assumirem a plena responsabilidade pelas suas emissões poluentes. Neste âmbito, são muitas já as que estabeleceram objetivos para a redução das suas pegadas ambientais, de acordo com as orientações da Science-Based Targets Initiative, para chegarem às emissões net zero até 2030. As empresas e as organizações do setor das telecomunicações têm vindo a desenvolver importantes plataformas de diálogo, que têm como objetivo apoiar os operadores, os fornecedores, o retalho, os centros de investigação, e os demais parceiros que fazem parte deste ecossistema, a participarem nos esforços de normalização dos equipamentos utilizados para reduzir a pegada ambiental de bens e serviços digitais. Estas plataformas incentivam também os vários intervenientes a partilharem conhecimento, a desenvolverem e adotarem abordagens comuns rumo a um ecossistema de telecomunicações mais sustentável e amigo do ambiente.
Para alcançar as metas e tornarmos o setor mais verde, os principais players da nossa indústria precisam de reforçar a cooperação e a colaboração entre si, de modo a alinharem não apenas este novo rumo, que exige a redução das emissões de carbono em 45% até 2030, mas também para poderem cumprir a Global Compact Business Ambition da ONU que visa limitar o aumento da temperatura em 1,5ºC à escala global.
O baixo consumo de energia ou as redes de comunicação energeticamente eficientes, especialmente no que diz respeito às questões ambientais, são geralmente referidas como redes sustentáveis ou verdes. O seu principal objetivo é mitigar o consumo de energia, aumentar a eficiência energética ou a otimização energética.
Redes de telecomunicações mais sustentáveis consomem menos energia, garantem uma utilização ambientalmente mais responsável não apenas das redes em si, mas também das fontes que lhes estão subjacentes. E este deve ser um dos nossos principais desígnios para 2023 e para os anos seguintes.